terça-feira, 18 de junho de 2013

OS CONDENADOS DE OSWALD... A CATARSE DA LITERATURA... A NECESSIDADE DE REVOLUCIONAR-SE

Segundo Suzi Franki Sperber, a relação entre literatura e o processo político já é trabalhada indiretamente por Aristóteles, quando fala sobre a função social da arte. A arte é realizada como uma catarse promovida pelo mundo ficcional que ela cria e o mundo real que ela analisa e questiona. Aproveitando o momento de manifestações, é interessante pensar como a arte potencializa nosso senso crítico para os problemas sociais que perduram em nosso país. Claro que ela não tem apenas esse objetivo. Aliás, não seria legal tratar as reflexões sociais presentes na literatura como um objetivo, mas sim como uma característica constitutiva a todo texto literário. Se se faz literatura, automaticamente se faz especulações sobre a sociedade em que se vive, ou direta ou indiretamente.

Eu tenho facilidade em compreender a atualidade, a partir do que me diz os clássicos. É uma opção pessoal de como entender melhor o mundo e as coisas. Uma obra que me vem a tona quase sempre que me deparo com questões sociais efervescentes é a trilogia OS CONDENADOS, de Oswald de Andrade. A leitura flui como um best-seller. A leitura te empolga com as palavras de um bom romancista e um gênio que é Oswald de Andrade.

Os personagens de Os Condenados exilam-se em si mesmos e só se comunicam precariamente pela dor, - uma dor nua, um sofrimento mudo, uma agonia resignada jamais gritada. Padecendo da exploração do trabalho, da prostituição do corpo, da implacabilidade do destino, os personagens de OS CONDENADOS vivem na falta de esperança, no absurdo, no trágico. Estão presentes, numa realidade sem compaixão pelos fracos, a prostituta-mãe santificada (Alma), a criança sofredora (Luquinhas), o malandro brutalizado (Mauro Glade), o operário sonhador (João do Carmo).

Nenhum deles racionaliza, filosofa ou reflete sobre os caminhos cinzentos que percorrem sob a garoa paulistana. A mesma São Paulo que presencia, hoje, uma mudança que, creio, é necessária, é palco da trilogia OS CONDENADOS. Oswald, em 1941, já implorava pela necessidade do homem revolucionar-se dia-a-dia, internamente, na reformulação de valores e conceitos sociais.

Fico feliz! É a primeira vez, em minha geração, que políticas públicas são discutidas a frente do futebol.




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