Marcelo Nocelli inaugura um noir
brasileiro em seu romance-policial O Corifeu Assassino. Borges é o nosso Philip
Marlowe: atrapalado, irritado com a tecnologia dos celulares, frustrado com o
toque ensurdecedor de seu despertador chinês, dorme mal, ganha pouco, dobra sua
jornada de trabalho na delegacia local de Teresina que o impossibilita cuidar
de sua gastrite crônica e, advinhe só, cai de para-quedas em um caso de
assassinato que envolve esquemas de corrupção em uma renomada indústria de
papel. O que ele não sabe, e talvez nunca saberá - confirmem com a leitura do
romance -, é que o assassino contratado é o suposto assassino de PC Farias.
Com um regionalismo de espertezas,
Marcelo Nocelli tem o conhecimento exato de tudo que tece de cada região
brasileira por onde passam seus personagens. Sem ser cansativo, o autor não se
perde nas descrições geográficas que acabam fatigando um leitor não-nativo. Não
que os romances regionalistas sejam um problema, mas a proposta do autor é
outra: envolver o leitor em uma trama policial, em um regionalismo que se
justifica por algumas descrições locais que refletem na psicologia de seus
personagens. Como em Mário que nunca sonhou em ser rico e famoso, buscando uma
gerência bem remunerada sem holofotes, refletido nos valores de uma formação de
um típico nativo do interior paulista: busca o progresso, sem esquecer da
cultura e dos valores familiares que lhe formam enquanto cidadão.
Leitura da semana, O Corifeu
Assassino, de Marcelo Nocelli.
Marcelo Nocelli nasceu em 1973, em
São Paulo, formou-se em tecnologia eletrônica e em Letras. É autor de contos e
crônicas, publicados em revistas e sites especializados. Recebeu o prêmio Lima
Barreto Novos Talentos em 2008 pelo conto ''Vivendo e aprendendo''. O Corifeu
Assassino é seu segundo romance e, em julho deste ano, tem o lançamento de sua
terceira obra, Reminiscências, que conta com uma coletânea de contos.
2 comentários:
Curiosa por conhecer o conteúdo desse romance.
Nocelli é amigo novo, pessoa talentosa e agradável. é daqueles casos de amigo de amigo que se torna nosso amigo. Sensível e emotivo, nos emociona com os textos que apresenta nos saraus em que nos encontramos.
Foi ele que escreveu? Então só pode ser coisa boa.
O Marcelo é apaixonado pelo que faz. O talento é consequência. Ele vive a literatura, na função da escrita e no estilo de vida. Só poderia dar em produções brilhantes. Fique atenta ao novo livro dele! Sai em junho! E visite sempre o blog! rs.
Postar um comentário