Em Tudo que é sólido desmancha no
ar, Marshall Berman realiza um ensaio histórico e literário da sociedade e da
cultura dos séculos XIX e XX. Ele se vale da crítica literária, das ciências
políticas, da arquitetura e urbanismo, para tecer argumentos críticos acerca
das obras Fausto, de Goethe, o Manifesto do Partido Comunista, de Marx e Engels,
os poemas de Charles Baudelaire, a ficção de Dostoievski até chegar nas
produções literárias de vanguarda dos anos de 1980.
A obra de Marshall Berman me
ajudou a entender muito bem o marxismo. Baseado no lema Tudo que é sólido desmancha no ar, o autor defende uma
autodestruição renovadora nas artes, na política, nas práticas sociais. Defende
a ideia de que tudo que se solidifica em um tempo, tende a desmanchar no
futuro. Assim são e foram as ideologias que fizeram parte de nossa formação cultural
e ideológica e que nós temos muitas reservas em não renová-las. Todas as
revoluções e manifestações aconteceram dentro de um contexto específico que não
se repete. Podem muito bem se assemelhar e aí o autor defende a necessidade de
renovação, de destruição renovadora do passado, aproveitando o que dá para
aproveitar. Assim caminhamos, historicamente, até chegarmos na sociedade de
hoje.
Em Tudo que é sólido desmancha no
ar, conseguimos perceber o processo histórico da formação social. Os benefícios
da sociedade capitalista e a necessidade de mudança dessa sociedade
paulatinamente. Ainda, o autor propõe uma visão pós-moderna das teorias
marxistas, pautadas na reformulação de conceitos, visando sempre um bem comum.
Dentre as passagens que mais me chamaram atenção, segue abaixo:
´´´Neste ponto caberia perguntar: não existem já interpretações de Marx
em número mais do que suficiente? Será que realmente precisamos de um Marx
modernista, outro espírito afim de Eliot e Kafka, de Schoenberg e Gertrude
Stein e Artaud? Eu penso que sim, não apenas porque Marx aí está, mas porque
tem algo distinto e importante a dizer. Com efeito, Marx pode dizer-nos do
modernismo tanto quanto este nos diz do próprio Marx. O pensamento modernista,
tão brilhante e iluminador do lado escuro de todos e tudo, vem a ter os seus
próprios e reprimidos cantos escuros, sobre os quais Marx pode fazer incidir
nova luz. (...)´´
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