domingo, 30 de março de 2008

NECESSIDADE DE PROSAR

É complicado...
ia eu colocar aqui uma figura ilustrando um texto descritivo de uma das pessoas mais importantes da minha vida e esse maldito computador não deixa eu abrir uma janela para inserir imagens. Então, decidi escrever qualquer coisa só para falar que escrevi hoje.

Bem, hoje meu dia foi muito complexo, cheio de atividades...
acordei.......... comi........ dormi...... acordei...... comi...... e agora irei dormir logo logo.

Abraços!

- Ricardo Celestino

segunda-feira, 24 de março de 2008

AOS REMOS

Rema rema rema,
que remar não há problema

rema rema rema
até encontrar o que se algema,
até ver que o que se tema
é na verdade um grande tema
disfarçado em bom poema
abolindo o uso do trema,
vendo-se o caos sem lema.

Rema rema rema
Que suar não há problema.

- Ricardo Celestino

quarta-feira, 19 de março de 2008

VIRTUALIDADE


``Eu fiz um esboço do que quero para Finnigans Dublin. Ele terá a minha idade e será tão viciado quanto eu em pornografias virtuais. Irá freqüentar tudo quanto é buteco virtual... dizem que isso não afeta muito o corpo real, então é interessante curtir a vida de algum jeito. Aqui chocolates, lá orgias intermináveis. Espero que não tenha nenhum tipo de monitoria na faculdade. Não será agradável imaginar um casal rindo das minhas infecções virtuais.``


- trecho do livro ``Nightbytes city: O diário de Fontana Kaos.´´



- Ricardo Celestino

sexta-feira, 14 de março de 2008

ADORNO E A CULTURA DE MASSA

Theodor Adorno, filósofo e sociólogo alemão, projetou-se como um dos críticos mais ácidos dos modernos meios de comunicação de massa. Ao exilar-se nos Estados Unidos, entre 1938 e 1946, percebeu que a mídia não se voltava apenas para suprir as horas de lazer ou dar informações aos seus ouvintes ou espectadores, mas fazia parte do que ele chamou de industria cultural. Um imenso maquinismo composto por milhares de aparelhos de transmissão e difusão que visava produzir e reproduzir um clima conformista e dócil na multidão passiva.
Indo para a América

Theodor Adorno (1903-1969)
"A civilização atual a tudo confere um ar de semelhança"M.Horkheimer e T.Adorno – a Indústria Cultural, 1947

Theodor Adorno – cujo centenário de nascimento celebra-se neste 11 de setembro – nascido em Frankfurt, na Alemanha, em 1903, foi daqueles tantos intelectuais, cientistas, artistas, compositores e escritores alemães, que, na década de 1930, por serem de descendência judaica ou por inclinarem-se pelo socialismo, ou ambas as coisas, foram obrigados a emigrar para os Estados Unidos, naquilo que foi, talvez, a maior evasão de cérebros registrada na história contemporânea. Ele pertencia a um grupo de pensadores extremamente sofisticado que fazia parte da famosa Escola de Frankfurt, fundada em 1923, e que fora constrangido a sair do país nos anos seguintes da ascensão do nacional-socialismo ao poder.

É de se imaginar o contentamento dele quando, ainda na Suíça, no outono de 1938, recebeu um inesperado telefonema de Londres do seu particular amigo e parceiro, Max Horkheimer. Era um convite para que ele fosse à América para assumir uma pesquisa a serviço da Universidade de Princeton, a mesma que, em 1933, convidara Albert Einstein para integrar o seu corpo docente.
Tratava-se de um projeto e tanto, pois a Radio Research Projet queria saber tudo sobre os ouvintes norte-americanos. Nova Iorque provocou-lhe uma estranha reação. Chocou-o a convivência dos “palácios colossais...dos grandes cartéis internacionais”, com sombrios edifícios erguidos para os pequenos negócios, formando, no geral, um ar de cidade desolada. Nem mesmo o plano municipal de levar gente a morar nos subúrbios mais afastados, dando as residências um ar de individualidade, o consolou.

A estandartização americana

Para ele, um europeu refinado que passara boa parte da sua vida cultivando a música modernista de Alban Berg e, depois, a de Schönberg e sua atonalidade incidental, a América pareceu-lhe toda igual. Contraditoriamente, o país que mais celebrava e enaltecia a singularidade, a cada um procurar ser algo bem diferente dos demais, não parava de produzir e imprimir tudo idêntico, tudo estandartizado. A imensa rede de atividades que cobria toda a cidade era regida apenas pela ideologia do negócio. Numa sociedade onde as pessoas somente sorriam se ganhavam uma gorjeta, nada escapava das motivações do lucro e do interesse. Aprofundando-se no estudo da mídia norte-americana, entendeu que por detrás daquele aparente caos, onde rádios, filmes, revistas e jornais, atuavam de maneira livre e independente, havia uma espécie de monopólio ideológico cujo objetivo era a domesticação das massas. Quando o cidadão saía do seu serviço e chegava em casa , a mídia não o deixava em paz, bombardeando-o, a ele e à família, com programas de baixo nível, intercalados com anúncios carregados de clichês conformistas, comprometendo-o com a produção e o consumo.

Não se tratava, para ele, de que aqueles sem fim de novelas e shows de auditórios refletissem a vontade das massas, algo autêntico e espontâneo, vindo do meio do povo. Um anseio que os profissionais da mídia apenas procuravam dar corpo, transformando-os diversão e entretenimento. Ao contrário, demonstrava, isso sim, a existência de uma poderosa e influente indústria cultural que, de forma planejada, impingia aos seus consumidores doses cavalares de lugares comuns e banalidades, cujo objetivo era ajudar a reproduzir “o modelo do gigantesco mecanismo econômico” que pressionava sem parar a sociedade como um todo.

Lá, na América, não havia espaço neutro. Não ocorria uma cisão entre a produção e o lazer. Tudo era a mesma coisa, tudo girava em função do grande sistema. Dessa forma, qualquer coisa que causasse reflexão, uma inquietação mais profunda, era imediatamente expelida pela industria cultural como indigesta ou impertinente. Adorno, terminada a Segunda Guerra, voltou para a Europa, para Frankfurt, atarefado em reabria a sua escola de sociologia. Morreu em 1969, arrasado com a humilhação que estudantes ultra-esquerdistas o submeteram, em plena sala de aula, durante a revolta de 1968/9.

extraído de: http://educaterra.terra.com.br/voltaire/cultura/2003/09/08/000.htm
Transubstanciação da Dor e da Perversão
(ou tributo a Jean Genet)

''Só a liberdade pode tomar inteligível uma pessoa em sua totalidade, mostrar essa liberdade em luta contra o destino, primeiro esmagada por suas fatalidades, depois voltando-se contra elas, digerindo-se pouco a pouco (...) prova que o gênio não é o dom, mas a saída que se inventa nos casos desesperados, descobrir a escolha que um escritor faz de si mesmo, da vida e do sentido do universo."

- Jean-Paul Sartre.
Não vejo mudança alguma além da transgressão.
Corrosiva, de acidez clássica
Da beleza terrível
Do mendigo, do enjeitado, do ladrão
Do encarcerado, do pederasta
E a todos de perpétua condenação.

O destino libertário
Entre párias e renegados
Aconselhados ao pecado
O direito de viver.

A voz agônica do excluído
Gritando para o lado escuro da Lua
E aos raios de Sol negros
Pois onde há falsa luz
Há mais amargura.

Das palavras e imagens sem pretensão categórica
Para dar aos viciados um sincero coração
E ir além da imaginação masturbatória
E esconderijos pra fugir da purificação.

O Evangelho transmutado
Descortina um salto de liberdade possível
A demonstração máxima da liberdade humana
É uma infâmia concebível.

Viva a Eucaristia do funesto
Para destruir o costume seleto.

Viva a eutanásia dessa involução
Pois não vejo mudança alguma além da transgressão.
- Erick Martorelli
``No seu mais importante sentido, entendemos por 'sociedade' uma espécie de contextura formada entre todos os homens e na qual uns dependem dos outros, sem exceção; na qual o todo só pode subsistir em virtude da unidade das funções assumidas pelos co-participantes, a cada um dos quais se atribui, em princípio, uma tarefa funcional; e onde todos os indivíduos, por seu turno, estão condicionados, em grande parte, pela sua participação no contexto geral. ``
Max Horkheimer e Theodor W. Adorno
Vale lembrar que por mais inútil que nós somos, algum proveito há de ser utilizado de toda nossa prosa. As reflexões realmente não fritam bifes nem criam curas para doenças, mas podem ser uma ajuda para uma diminuída no assistencialismo humano.
- Ricardo Celestino

quinta-feira, 13 de março de 2008

MEMÓRIAS DE UM TRIÂNGULO ROXO



Trecho da pequenina-novela – e faz-se necessário dizer "pequenina":

Entendam vocês que estão lendo um cara que sabe das coisas. Embora muito já tivesse ouvido falar, conheci Adolf Hitler em uma padaria de Viena, não me lembro exatamente em qual delas. Naquela época éramos adolescentes, mas Adolf não tinha espinhas. E lá estava ele, tristonho em uma mesa, debruçado, balbuciando maldições, imerso em terrível desgraça por não acertar o ponto de um suflê de queijo.

Notem que naquela época eu trabalhava entregando panfletos para as Testemunhas de Jeová e posso afirmar-lhes de maneira categórica que tínhamos uma divisão de cozinheiros, muitos deles especializados em suflês. Eu estava certo de que seu erro era na manteiga e fontes confiabilíssimas comentavam á boca pequena que Adolf, quando deprimido, besuntava-se em gordura vegetal. O motivo era desconhecido.

É sabido que tal problema perdurou no âmago de Adolf Hitler até seus últimos dias. Mesmo em sua mais conhecida obra, Mein Kampf, escrita anos depois do que narro, é possível identificar traços de uma séria inadaptação ao uso de laticínios na cozinha alemã, mais do que isso, um forte desejo de estar nos fogões ao invés de estar no palanque de ditador. Em certo trecho de sua obra podemos ler:

"Quando, nas minhas horas livres, eu recebia lições de culinária na confeitaria de Lambach, tinha a melhor oportunidade de extasiar-me ante as pompas festivas das brilhantíssimas vitrines de restaurante. Assim como meu pai via na posição de pároco de aldeia o ideal na vida, a mim também a situação de cozinheiro pareceu a aspiração mais elevada. Pelo menos temporariamente isso se deu."

Então neste dia, neste fatídico dia em que Adolf Hitler chorava sobre a mesa e menestréis passavam pela calçada, ocorreu-me ajudá-lo de alguma maneira. Posso recordar que entre suas lágrimas e a mesa havia um prato de bolinhos de isca de peixe. Coloquei minhas mãos sobre aqueles ombros e incitei:
- É sabido sobre o seu problema com suflês, homem. É o que se comenta em Viena. Não se desespere, veja, os erros de um bom cozinheiro são revertidos em boas experiências, e os sabores de seus pratos terão o sangue deste sofrimento. O sofrimento do povo germânico, vivendo ele aqui na Áustria ou na Alemanha. A aflição de não saber usar o queijo, a manteiga, o leite, frutos destas tão puras vaquinhas, será compensado quando enfim fores bom cozinheiro, chanceler no manuseio destes produtos.

Permitam-me dizer que naquela época o apelido de Adolf era "Relaxadão". De acordo com observações de Nino Brandemburgo, o mais bagunceiro da classe, a maneira como ele sentava-se fazia jus á anedota.
Muito bem, muito bom, todo relaxadão sentado naquela cadeira, Adolf olhou-me com pesar nos olhos e disse:

-Acho que, bem, só se for alguém muito bom mesmo, o homem, em geral, não se deve ocupar com a produção de suflês antes de sua maioridade. Estou em constante experiência, cavalheiro. Não tenho culpa, não corro eu o perigo de um dia mudar de atitude sobre questões essenciais. Será eterna a minha paixão com o Pão Ázimo, por exemplo. Meio copo de azeite e temos a maravilha da cozinha judaica. A propósito, deliciosos estes bolinhos de isca...
- Mas cavalheiro, porque choras então? Porque os soluços? Serão falsos os boatos sobre sua incapacidade culinária?
- Ora, ora, acontece que aos meus suflês falta espírito, entende? Espírito! Qualquer essência, faltam-lhe isto.

- Eu achava que faltava manteiga! Ó, quão precipitadas foram as minhas conclusões.

Neste instante, Adolf Hitler, o Relaxadão, salta da cadeira de maneira abrupta, toca-me os cabelos e com empolgação (e certa força) beija-me no rosto. Engasgando com as próprias palavras, eloqüente e tomado por incrível ânimo (digno de seus posteriores discursos) diz a mim as seguintes palavras:

- Manteiga! Manteiga! Falta-me Manteiga! Este é o espírito meu caro cavalheiro, a manteiga! Colhida do puro leite das vacas de nossos bosques. O leite e os fabricantes de laticínio da Alemanha deverão continuar a ser no mundo estimados pela sua beleza e sabor, inspirando-nos a um ânimo nobre! Cavalheiro, sou eternamente grato a ti e a todas as coisas que me disse. No erro de um suflê, alí há o sangue sofrido deste povo. Estas sublimes tetas de nossas vacas, por anos humilhadas e colhidas em baldes imundos de povos estrangeiros, de povos ciganos.

Adolf toma neste instante uma expressão preocupada, como se uma dúvida houvesse acabado de chegar á sua cabeça. Senta novamente á mesa com o olhar fixo em algum horizonte o qual não alcancei. Nino Brandemburgo em seu livro (nunca publicado) "Relaxadão: Os segredos de um Hitler que eu, eu Nino Branbemburgo, conheci", cita-nos de maneira interessante que "Relaxadão estava sempre a vislumbrar qualquer horizonte inexistente, o que segundo Lothar Pirulito (seu melhor amigo durante a fase da alfabetização) dizia se tratar de "um devaneio sobre a vívida seara imaginária que ele carregava em seu âmago"."

Bem, naquela época não tive acesso aos manuscritos do Sr. Brandemburgo, desta maneira, não informado sobre a vívida seara imaginária, questionei Adolf sobre aquele brusco pesar que tomou-lhe o olhar. Ao terminar de ouvir minha indagação seus olhos marejaram enquanto descrente replicava:

- Cavalheiro, note, e quanto aos porcos?

"Porcos?" questionei sem entender:

- Sim cavalheiro, e quanto aos porcos? Campestres suínos de nossa gentil pátria alemã. Nossos leitões assados em cerveja, lombinhos com alho temperado, costeletas salpicadas de salsa e dispostas sobre batatas, nosso Fricadele que banha pãezinhos tão saborosos!

E então me veio á cabeça que na cozinha experimental de Hemmerman, a Testemunha de Jeová Vegetariana, havia uma placa disposta sobre os fogões dizendo "Não comam porcos e nem usem seus rabos como adorno". Intriguei-me com a situação e indaguei o futuro ditador sobre "o problema dos porquinhos", no que ele me respondeu tão eloqüente quanto estava quando falávamos de bovinos:

- Há quem os rejeite?

- Veja cavalheiro, é sabido que Joseph Hemmerman e Laureana Polvilhão, ambos membros da ala vegetariana das Testemunhas de Jeová, rejeitam a idéia de que porcos devam ser consumidos como iguaria. É sabido também que judeus são proibidos de consumirem sua carne e...

- Também os judeus são proibidos?

- Sim, é o que dizem.

- E por qual motivo?

- Talvez pelas unhas fendidas e os cascos divididos ao meio. Talvez pelo rabo e...

- O que o ponto de vista judeu vê na estrutura biológica suína?

Neste momento passei a roer as unhas e a fitá-las de maneira desafiadora, enquanto continuava a falar com Relaxadão, a fim de me despedir:

- Cavalheiro, me seria útil discorrer sobre a proibição da carne suína aos descendentes de Moisés, Salomão, o que o valha, mas de todo modo preciso partir, ainda tenho uma porção de publicações para distribuir e é melhor que eu me apresse antes desta terrível chuva que se aproxima. Não te preocupes Adolf com a rejeição de nossas salsichas, são elas a marca de nosso povo de modo que não deveriam estar presentes em outras culinárias, compreende?

Aqui eu volto a olhar para a mesa e percebo que Adolf não está mais lá. O trepidar da porta me faz entender que saíra de forma brusca. Então, paguei por sua conta ao simpático rapaz do balcão e segui com os meus afazeres daquele dia. Foi uma tarde chuvosa em Viena, e mesmo por entre becos úmidos e seus abrigos nunca mais naquela cidade vi Adolf Hitler.
- Rennan Martens
=)

...



E duas cabeças viciadas em Quentin Tarantino pensam em fazer algo com a Revolta da Vacina.

RETOMANDO NIGHTBYTES CITY

Nightbytes city é uma série de três volumes. Não há muito o que dissertar sobre a série ainda, pois está em processo de criação.

1º Volume - Nightbytes city - O diário de Fontana Kaos;
2º Volume - Nightbytes city - O segredo de Rycoom;
3º Volume - Nightbytes city - A rainha do submundo.

Aí vai um pedaço do primeiro capítulo do diário de Fontana Kaos.

``entrego meu corpo e minha alma ao Estado.Que este faça dele o melhor que puder e o que desejar.Te amo Vênus, te odeio prosa romântica.``

1 de maio

Uma chuva vermelha fere a veste de todas as pessoas as deixando totalmente nuas. A pele foifeita de alma. A veste são morais sociais.

Andava entre feras e entre feridos. Os primeiros, consumidos pela ignorância, os segundos,vítimas da preguiça. Ego não existe sem centrismos, por isso sou egocêntrico, num mar deartistas egocentristas.

Acordei com vontade de vomitar. Meus pulmões andam carregados de substânicas de meus cigarros baratos. Compro com um fornecedor da rua 13. As ruas são números assim como os transeuntes. Quando fui embora do bar já era tarde. Bebi demais.

Todos festejaram minha entrada no curso de sociologia. Parece que somos dez na cidade inteira. As pessoas não querem mais a reflexão. Algumas aulas serão através do mundo virtual. Criarei o Finnigans Dublin, em homenagem a um de meus modernos prediletos. Ele será eu no mundo acadêmico virtual. Não o tratarei aqui como eu, em primeira pessoa, mas como um outro eu, com outra personalidade e outras manias.

O mundo acadêmico anda com muitas novidades. Algo como ficção científica invade as salas de aula. A biblioteca já não tem o cheiro de mofo... aliás, o mofo é virtualmente inserido em nossos cérebros contaminando nossos pulmões apenas para dar um toque de realismo cancerígeno. Os slogans publicitários apoiam: fume virtualmente! Fumar no mundo virtual é uma dependência saudável que não afeta o corpo.

O Estado financia meu curso. Fazem questão de jogar o favor em minha cara a todo instante: se tiver aproveitamento menor que setenta por cento, será encaminhado à psicologia. Provavelmente Finnigans será azul para diferenciar dos demais, ou talvez não terá um dos membros por contenção de despesas.

(...)

- Ricardo Celestino

segunda-feira, 10 de março de 2008

O SUICIDA

E estranhamente, ao amanhecer do dia, Lucas estava morto num quarto de motel. Nenhuma pista de assassinato. Vingança? Contra Lucas? Ele que sempre fora tão correto, o acadêmico estudante das letras. Impossível. Mas morrera. E para a tristeza da família, como um suicida. Decidira aproveitar seus últimos minutos ao lado de uma prostituta e depois, entregar-se a um veneno-sacro que custou-lhe a vida. E por que? Quais eram tuas motivações?

Era o gênio das argumentações e tinha os contextos em sua língua-ponta. Sabia como ninguém criar versos que amoleciam as pernas de qualquer colegial. A morte para ele era algo a se começar a pensar depois de seus sessenta anos, aposentado como o escritor do ano, vendendo seu último best-seller. Foi, sem nem ter um único conto publicado. E ainda, deixou pessoas que o amavam tanto, deixou tesouros que ele tanto privara e cuidara. Não, aquilo não poderia ser verdade.

Ele frequentava todos os dias uma lanchonete perto da faculdade. Diziam que ali ficava com um copo de suco, ou cerveja, escrevendo algumas letras. Tinha uma banda. Tinha um blog. Tinha um grupo de pesquisas sobre literatura estrangeira o qual ele chefiava. Gostava muito dos simbolistas. Aquilo era um pouco demoníaco... mas eram só textos. Não, ele não era tão influenciável pelos clássicos. Conhecesse Lucas, perceberiam que ele tinha atitudes de vanguarda.

A vanguarda... era para ele ser enovador dentro do meio artístico, era para ser um célebre dentro das críticas lingüísticas... mas decidira terminar como um oculto... um só-mais-um que não aguentou... isso não é do Lucas... GENTE! POR QUE O LUCAS? ISSO NÃO É DO LUCAS!

Ele que tanto queria a imortalidade, terminou como só um dramático shakespeariano sem motivos. A prostituta que estava com ele nem soube de sua morte, pois minutos depois se arranjara com outro. Os amigos choraram... sua mãe chora... Lucas não... Lucas suicidou Lucas.

- Ricardo Celestino

NOVAS REFLEXÕES SOBRE O TÉDIO

Tédio!
Um sentimento que poderia ser facilmente utilizado para inspiração.
O tédio foi o grande motivo para a existência de inúmeras bandas punks e certas literaturas marginais. Assim como a tristeza, o tédio também é inspirador.
Alguém acha que canções como "Now I Wanna Sniff Some Glue", "I Wanna Be Sedated" teve início a outro sentimento diferente do tédio? Ou "Still Ill" da tristeza?
Mas não vamos falar sobre tristeza, isso é sobre tédio!
Na adolescência, por exemplo, talvez seja vital sentir tédio. A criação que vem a partir do nada para fazer absolutamente nada, assim como abrir a geladeira sem saber o que comer... isso é tédio!
Algumas das minhas canções punks favoritas tem muito a ver com isso: "Bored Teenagers" do Adverts, "Orgasm Addicted" do Buzzcocks, "Lively Arts" do Damned... deveríamos prestar mais atenção no tédio. Dele podem surgir idéias maravilhosas.
Ah, cale-se Neobrazillix... tédio é fica germinado que nem samambaia em casa! Pois é, e por isso mesmo que deveríamos prestar mais atenção.
Note:
"Sneaking in the back door with dirty magazines.
now your mother wants to know what all those
stains on your jeans.
and you're an orgasm addict.
you're an orgasm addict".

Ou

"We're talking into corners.
Finding ways to fill the vacuum.
And though our mouths are dry.
We talk in hope to hit on something new.
Tied to the railway track.
It's one way to revive but no way to relax.
We're just bored teenagers.
Looking for love,
Or should I say emotional rages.
Bored teenagers.
Seeing ourselves as strangers".

Na literatura o sr. Richard poderia dizer melhor do que eu. Sim, é possível tirar proveito do tédio (assim como de várias situações tediosas) e criar muito com isso, mas não precisamos incentivar o tédio. Isso nem é preciso. Muito menos "academizá-lo". Nem ele, nem o Punk!
Isso sim seria tedioso...

- Erick Martorelli

Ahh! É ótimo refletir sobre o tédio! E vejamos... a literatura não é fruto exclusivo do tédio. Seria um crime dizer que todos os poetas e escritores escreveram induzidos pela falta do que fazer... (eu sim, posso afirmar, que escrevo única e exclusivamente devido a falta do que fazer).

Eu realmente não tenho comprovações nem argumentos para afirmar que o tédio está presente em obras literárias... apenas estou pensando nisso agora e dando uma brecha para uma reflexão mais aprofundada. Talvez minha tal tese de mestrado seja A INCRÍVEL FALTA DO QUE FAZER DE MACHADO DE ASSIS...

Mas a questão é que são inúmeros fatores que nos motivam a criar um texto (seja ele literário ou não) e isso faz da escrita algo mais cotidiano do que imaginamos... algo muito mais prático do que pensamos. Aliás, escrever é necessidade humana... e quando afirmo isso, não afirmo de minha cabeça vazia, mas da cabeça de Roland Barthes, que compara a necessidade de escrever com a necessidade de fazer sexo (necessidades diferentes da fome e da sede, mas necessidades).

Logo, não só o tédio mas o amor, a política, a economia, a sociedade e também a ausência de sexo pode nos motivar a criar um bom texto.

=)

- Ricardo Celestino

BRUTOS E OTÁRIOS?

Poema dos Brutos

Seis jovens moços
Num quadrado da mesma rua
Digo, quatro garotos
E dois meninos musas.

Na gélida madrugada, esperam
Quem queira perversão
Ao som da sirena, esgueiram
Para furtiva escuridão
São os celebres refúgios
Na noturna ocupação.

Exígua são as pomas
Dos dois meninos musas
Cingidas são as calças
Esperando mãos intrusas.

Quatro jovens garotos
Despidos de suas blusas
Curtas são o que vestem
Mínimas bermudas.

Em agudos e graves
Na canção das mesmas frases
Suas vozes cantam
A fase da puberdade.

Seis jovens moços
Num quadrado da mesma rua
Digo, quatro garotos
E dois meninos musas.

Nudez cifrada em corpos crus!

- Erick Martorelli

Pois é... uma invasão bem-vinda a literatura sem-nome. É estranho como nos deparamos com a nudez cifrada todos os dias em nosso meio social. Despir-se até conseguir o que quer não está limitado exclusivamente ao sexo... pensem nisso!

E isso inspirou-me a criar o Dialeto dos Otários.

Dialeto dos Otários

Esquinas em escuridões.

Ter é esbanjar o consumido,
e cuspir é não saborear o explorado.
Sejas um ser-social
e mantenha-se por cima,
sempre por cima,
pois o medo de estar embaixo
é o medo de perder o que sempre terá.

Não sejas um bondoso de corações divididos,
o coração é um só e apenas serve para bombear teu sangue.

Envolver-te está fora de questão!

ps: os melhores poetas são os que não anseiam poesia.

=)

- Ricardo Celestino

sexta-feira, 7 de março de 2008

TÉDIO


EU TENHO UM MUNDO INTEIRO CAGANDO PRA MIM!



- Ricardo Celestino

À CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

Escrevo-lhe, amigo finado Carlos Drummond de Andrade, para informar que o senhor deve se sentir putérrimo pela falta de sorte em ter vivido em tão chata época. Hoje o mundo tem muito mais poética do que tivera em tua época.

Posso dizer que ele está em órbita no espaço... vagando sem aquele rumo, sabe? Então nem preciso dizer que o tédio continua... ah! se continua!

Se você sai de casa, sai pra num fazer nada... e quanto mais nada se faz, mais melhor fica. A língua trava de tanta preguiça de fala, e chegar a pensar é coisa de marciano que não tem o que fazer. Tão dizendo por aí que é preferível pedir emprestado o dos outros, do que usar do seu próprio. Sei lá, coisa de gente estranha. PÔ! VOCÊ JÁ DEVERIA ESTAR ACOSTUMADO COM ISSO!

Bem, aquele chatão desiludido continua... mas eles viraram chiques. Sabe, agora parece que virou moda você dizer que o mundo é um saco! Que a vida é um tédio! E olha que eu to muito na moda, por que estou fazendo exatamente isso... pois é, o mundo-saco fica ainda mais saco com esses caras todos reclamando. Ahhh! Inventar moda já é demais, hein seu Carlinhos. Mas enfim, esses chatões só não se matam por que eles fazem questão de matar os outros de ainda mais tédio. E o pior de tudo é que eles têm aquela mania infernal de afirmar tudo com olhos de rapina: Ó MUNDO! Ó DIACHU!

E outro dia falaram que as mulheres de hoje são mais belas que a do teu tempo... num sei. A única coisa que sei é que as mulheres do teu tempo, hoje, não são mais belas...

EU PREFIRO O SONO...

Escrever sobre o tédio hoje seria uma coisa muito artificializada... com as minhas pálpebras do jeito que estão, fica completamente impossível eu escrever sobre qualquer outro sentimento que não seja o sono que me acomete. Aliás, hoje em dia minha preferência ao sono tem sido muito maior que qualquer outra coisa. Nunca almejei tanto uma cama e boas vinte horas ibernadas.

Bem, estive a vasculhar o blog de um escritor recente chamado Santiago Nazarian... me chamou atenção!, mas é o máximo que consigo refletir sobre esse escritor ainda. Não farei nenhum juízo de valor sobre tua obra mesmo por que ela não trata sobre o sono e também ainda não a conheço. Vi que ele é bem conceituado em algumas revistas, e que também gosta de cutucar os outros... isso é, bem, não adjetivado ainda rs...

Eu só digo que cutucar exige muito conhecimento e mais ainda coragem. Se ele sabe mesclar essas duas coisas e tiver a ousadia de um bêbado nu em frente a um convento de freiras sessentistas... mas enfim... sono! SONO! Fica completamente impossível escrever quando essa maldição lhe acomete as pálpebras...

Alguém já percebeu que quando você sente sono sua cabeça fica mais abobalhada? Nada pessoal, é só alguns pontos que preciso colocar para um autocontentamento. Aliás, a chance de escrever bobagens quando se está com sono é ainda maior... preferível seria parar por aqui... aliás, o ideal.

Então é isso... queria agradecer as pálpebras enjoadas de vocês e dizer que irei dormir... ops... trabalhar. rs.. quem me dera ter realmente o luxo de tirar uma soneca no trabalho.

=)

= Ricardo Celestino

quinta-feira, 6 de março de 2008

GUIMARÃES ROSA – 100 ANOS

A PUC SP inicia suas atividades acadêmicas com uma justa homenagem ao escritor Guimarães Rosa, em comemoração ao centenário de seu nascimento. Homenagem à genialidade, à criatividade, à visão crítica sempre presente em suas obras. O TUCA – espaço de cultura da PUC - recebe, nos dias 11, 12 e 13 de março, estudiosos de Literatura, pesquisadores e artistas que têm a obra de Guimarães como fonte de criação para seus trabalhos.Além da exposição de pesquisas em palestras e debates, haverá a presença de contadores de histórias, músicos, grupos de teatro, bordadeiras de Minas Gerais e de S.Paulo para trazer para o público um pouco da magia de Guimarães.


Programação


11 de março

9h30 – 12h00


Abertura oficial – Vice Reitoria Acadêmica
José Mindlin – Encontro com o escritor. Histórias de livros.
Beatriz Berrini – O sertão brasileiro na savana moçambicana
Francisco Papaterra apresenta os textos:

Canção de Siruiz (Grande Sertão:Veredas) A 3ª. Margem do Rio (Primeiras Estórias)

14h00 – 18h00


DIVERSIDADE DE OLHARES NA OBRA ROSEANA

Coord. - M. Aparecida JunqueiraAlunos e professores da PUCSP apresentam seus trabalhos de Criação, Iniciação Científica, mestrado e Doutorado sobre a obra roseana.Programação detalhada a ser divulgada.

19h30

CANTANDO GUIMARÃES
Jean e Joana Garfunkel apresentam músicas inspiradas nos contos do escritor.
CONTAÇÃO DE ESTÓRIAS
Tudo era uma Vez e Miguilim contam Guimarães
(Dôra Guimarães e Elisa de Almeida, contadoras de estórias do Grupo Tudo Era Uma Vez de Belo Horizonte, e Tiago Goulart, do Grupo Miguilim de Cordisburgo, apresentando contos de Guimarães).

12 de março

9h30

Sandra Vasconcelos - A formação de um escritor: Guimarães Rosa no Instituto de Estudos Brasileiros.
José Osvaldo dos Santos (Brasinha) – Personagens e Lugares: Ficção ou Realidade?
Maria José Gordo Palo – O imaginário no realismo de Guimarães Rosa.

15h00

Contadores de Estórias de Minas (repetição do programa de 11/2) ingressos para escolas e público em geral.
20h00“A Hora e Vez do Augusto Matraga” Francisco Papaterra Limongi e filhos apresentam o conto do livro Sagarana.

13 de março

20h00

– Peça de teatro MULHERES DE ROSAAtores, formados no Curso de Artes do Corpo da PUCSP apresentam Monólogos extraídos da obra de Guimarães. Direção José Rubens Siqueira
EXPOSIÇÕES

Saguão do TUCARENA

Grupo Teia de Aranha A partir da obra do escritor, o grupo cria representações em bordado. Desenvolve oficinas de bordado em cidades mineiras como Cordisburgo, Morro da Garça, Andrequicé e no estado de São Paulo.
Painel inspirado no Grande Sertão:Veredas: 5 painéis de 1 mt. X 6 mts.
Painéis menores - inspirados nos contos “Buriti”, “Estória de Lélio e Lina”, “Miguilim”, “Sorôco”,
Mapa do Coração - desenho realizado pelo escritor e oferecido à sua esposa Aracy
Memória viva do sertão Retratos fotográficos e registros em áudio de narrativas de vida de pessoas do sertão roseano. Beth Ziani – pesquisadora e doutoranda/USP
Meninos quietos Brinquedos e brincadeiras das crianças do sertão de Minas Gerais e presentes na obra de Guimarães Rosa .Selma Maria – pesquisadora e arte-educadora
Apresentação dos participantes
Beatriz Berrini, professora do programa de Pós Graduação em Literatura e Crítica Literária da PUCSP, onde ministra neste semestre um curso especial sobre Guimarães. Organizou a publicação .....
José Mindlin, bibliófilo, com a maior Biblioteca particular do Brasil, possui coleções raríssimas de diversos autores, entre eles os primeiros exemplares dos livros do escritor Guimarães Rosa.
Vera Tess, neta da Da. Aracy Guimarães Rosa, escreveu “Ó, ó, ó do vovô” a partir dos cartões postais que o escritor e a sua avó enviavam de suas viagens.
Francisco Papaterra, contador de estórias, conhecedor da obra de Guimarães, cujos contos narra de modo especial. Já se apresentou em diversos espaços de S.Paulo e Minas Gerais.
Jean Garfunkel, violonista, compositor de músicas de MPB, pesquisador de músicas folclóricas, contador de estórias e autor de músicas inspiradas de diversos escritores, como Guimarães Rosa.
Joana Garfunkel, cantora, contadora de estórias, pesquisadora da obra Roseana.
Dôra Guimarães e Elisa de Almeida, contadoras de estórias com apresentação por todo o Brasil e em Portugal. Professoras:. do Grupo Miguilim, contadores de estórias de Cordisburgo/MG, terra do escritor Guimarães Rosa; . de contadores de estórias de diversas cidades do Circuito Literário Guimarães Rosa em Minas Gerais . de Oficinas de Conta Contos em todo o Brasil
Tiago Goulart, estudante, contador de estórias do grupo Miguilim, desde a sua formação em 1995.
Cida Junqueira, coordenadora do Programa de Pós Graduação de Literatura e Cr[itica Literária ......
Sandra Guardini T.Vasconcelos, professora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP; autora de diversos artigos publicados nas Revistas e Jornais da USP; autora do livro “Puras Misturas” que fala do conto Uma Estória de Amor, do livro “Manuelzão e Miguilim”. Curadora do arquivo de Guimarães Rosa no IEB/USP.
José Osvaldo dos Santos, conhecido como Brasinha, da cidade de Cordisburgo, auto didata, conhecedor de toda obra Roseana, pesquisador de lugares e personagens dos livros do escritor, coordenador do Grupo Nos Caminhos do Sertão que faz caminhada eco-literária com contadores de estórias indo aos lugares citados nos contos. Diretor Cultural da Associação dos Amigos do Museu Casa Guimarães Rosa e membro da Diretoria do Circuito Literário Guimarães Rosa.
José Rubens Siqueira – Diretor de Teatro, dramaturgo, professor do curso de Artes do Corpo, da PUCSP. Em 2006 criou o espetáculo Mulheres de Rosa a partir de pesquisa em torno das personagens femininas em Guimarães. O espetáculo inicial, apresentado no Tucarena, reuniu mais de 40 atores em cena.

Coordenação Maria Aparecida Junqueira ( Coord. Pós de Literatura e Crítica Literária)Ana Salles Mariano (diretora do Teatro TUCA)
Colaboração EspecialRosa Haruco Tane
Produção ExecutivaSérgio RezendeAssistente de produçãoArthur Moreau
Comunicação VisualAndré Lacroce

quarta-feira, 5 de março de 2008

UMA HOMENAGEM...

E veio como um furacão lexical
destruir as ventas do que se tem por hoje
como a tradição dos livres.

e julgo a tradição dos livres o movimento que se libertou das algemas dos limitados,
e julgo a limitação um necessário sem adjetivo de culpa,
e julgo ainda, que cada um faz o que cada um faz em seu tempo.

e penso na linearidade do que nunca foi linear,
e do depreciador que sempre esteve a depreciado
e pensar não é alfinetar, mas espancar com palavras sinceras.

vive-se um luto dentro de alegrias marginais
e pensa-se o mundo
com mil e uma notas de mercado
que também não tem
o que se tem por adjetivação,
e o que se entende como o bem e o mal em artes poéticas.


- Ricardo Celestino

(taí uma homenagem a meu bom amigo Erick Martorelli, parceiro de taça, parceiro de longas datas)

terça-feira, 4 de março de 2008

SOLIDÕES

SEM TÍTULO

Uma nuvem se abriu como um véu caindo.

Uma doce sensação dedor se formando novamente,

inundando meus olhos com o poder do inconcebível.

Meus olhos que senão ásperos ou frios como deveriam

cerrrados por não querer ver a nostalgia se gerando no âmbito do lar vazio e empoeirado.

Talvez seja melhor dessa forma, apenas a nostalgia do inconcebível, do impossível, do que fora sonhado desde a infância, do olhar tímido da escola até o olhar machucado da velha juventude.

Os pulsos e a pele e os poros não conhecem o inconcebível, o incondicional sentimento direcionado ao meu olhar... apenas um calor que se apossou de mim desenfreadamente.

E a resposta obtive há pouco, pairando na janela de meu quarto...

Queimou-me a alma descobrir tal precoce missão soprada em minha alma.

Os anjos deixaram um ramalhete quando nasci, um ramalhete de dor, ao poeta que chorava ao nascer, a existência fadada, marcada...

um ramalhete de dor, para eu não esquecer que vim pra isso: SOLIDÃO.

- Eliéser Baco

A SOLIDÃO É BEM MELHOR QUE AMAR

E o mundo inteiro me fez só

sete feridas-chagas que não param de sangrar.

A solidão é bem melhor que amar...

Viver de crimes e pecados

não faz minha mente descansar

A solidão é bem melhor que amar...

Descobrir o mundo inteiro

cercado por dinheiro

me fez

enfim

me acomodar

A solidão é bem melhor que amar...

- Ricardo Celestino

segunda-feira, 3 de março de 2008

REFLEXÕES SOBRE O USO DA LINGUAGEM

``(...), as mudanças lingüísticas se expressam em fatos reais. Acontece, por conta disso, que os usuários da língua manifestam todos os sentimentos lingüisticamente. Em geral, não objetivam alterar a língua, mas colocá-la em uso efetivo; razão por que a língua muda no uso, o que leva à inovação e à mudança.``

``O interesse que o objeto língua conquistou no interior das ciências humanas, ultimamente, tem sido de tal importância que impulsionou o aparecimento de múltiplas abordagens, ampliando o campo da Lingüística e da História. Embora em bases diferentes, observamos um consenso entre os estudiosos, na medida em que tomam a língua em sua função de interação social, como processo e produto da atividade histórica do homem. Como processo e produto histórico, queremos dizer que a língua resulta de cada instante de interação entre o passado e o presente em meio ao contexto sociocultural.``


- Jarbas Vargas Nascimento – Historiografia Lingüística: Rumos Possíveis.
Ilumina-se Ana e apaga-se Mário.

ANA – Enforca-te ó bebum! És o resultado de uma zorra! És um maldito que trouxe toda uma discórdia! Foi de ti que começou este caos! Seu sem métrica! Seu sem nada!

MÁRIO – Engula a própria língua, sua rapina! Eu não sou da tua corja de perdidos! Rapinas melosas que choram no quarto escondido, no buraco dos sem fortuna! Dos sem nada! Dos simbólicos! Eu sou aquele que grita! Aquele que insulta e aquele que muda!

ANA – e quem há de entender tua palavra? Tua mudança muda é burra! Tua maluquice só é compreensível em tua cabeça! Moderno!

MÁRIO – enfie as métricas no buraco que não toma sol!

ANA – Pois isso sim não é atitude de acadêmico!

Apagam-se as luzes.
- trecho da peça MUNDO CONSUMADO, de Ricardo Celestino.

COMPRA E VENDA




Compra e venda humana
Num plano feio e horizontal
Pessoas olhando os pés
Descalços no asfalto quente

Buzinas, gritos e ofertas
São macacos vendendo macacos
A macacos que não querem bananas

Compre por cruzados baratos
Um corpo que lhe dê prazer
Compre por alguns punhados
Uma mente que lhe dê cifrões
Compre por poucos tostões
A corja de fúteis canções!

Compra e venda humana,
É o que guia nossos corações
Refrão de terror e ódio
Leve os de melhores pulmões!

- Ricardo Celestino

REFLEXÕES REGIONAIS

A mão fria do vento sulista

Justo quando a mão fria do cotidiano alisava-me os cabelos
E a voz do meu eu não queria voz alguma por perto.

Jogava os dados do destino com olhar ao mar dantesco
Enquanto o vento menino sulista trazia esperança nas nuvens

Junto ao cântico matinal ao banho soturno das madrugadas
E o pedaço de mim que sente queria apenas a poética solidão

Justo quando meu olhar ardia somente na diária poluição
Eu senti saudade de chamar quem nunca chamei,

Justo quando a mão fria
E a voz do meu eu Jogava os dados do destino;
Eu senti saudade de chamar quem nunca chamei.

Eliéser Baco

INSPIRAÇÃO ( à moda Andrade)

Sampa que comove-me tal vida e morte...
dos amores, desilusões originais

Arlequim com trajes ricos e pobres,
Cinza e ouro.
Perfumes de Paris em ruas de barro
Palestras e lirismos vagos

Sampa que comove-me tal vida e morte...
Os galicistas que estrapolam a própria língua,
A língua América!

Ricardo Celestino