sexta-feira, 7 de março de 2008

À CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

Escrevo-lhe, amigo finado Carlos Drummond de Andrade, para informar que o senhor deve se sentir putérrimo pela falta de sorte em ter vivido em tão chata época. Hoje o mundo tem muito mais poética do que tivera em tua época.

Posso dizer que ele está em órbita no espaço... vagando sem aquele rumo, sabe? Então nem preciso dizer que o tédio continua... ah! se continua!

Se você sai de casa, sai pra num fazer nada... e quanto mais nada se faz, mais melhor fica. A língua trava de tanta preguiça de fala, e chegar a pensar é coisa de marciano que não tem o que fazer. Tão dizendo por aí que é preferível pedir emprestado o dos outros, do que usar do seu próprio. Sei lá, coisa de gente estranha. PÔ! VOCÊ JÁ DEVERIA ESTAR ACOSTUMADO COM ISSO!

Bem, aquele chatão desiludido continua... mas eles viraram chiques. Sabe, agora parece que virou moda você dizer que o mundo é um saco! Que a vida é um tédio! E olha que eu to muito na moda, por que estou fazendo exatamente isso... pois é, o mundo-saco fica ainda mais saco com esses caras todos reclamando. Ahhh! Inventar moda já é demais, hein seu Carlinhos. Mas enfim, esses chatões só não se matam por que eles fazem questão de matar os outros de ainda mais tédio. E o pior de tudo é que eles têm aquela mania infernal de afirmar tudo com olhos de rapina: Ó MUNDO! Ó DIACHU!

E outro dia falaram que as mulheres de hoje são mais belas que a do teu tempo... num sei. A única coisa que sei é que as mulheres do teu tempo, hoje, não são mais belas...

Nenhum comentário: