sexta-feira, 18 de abril de 2008

O USO DE DROGAS...

JC - Hoje, a educação concernente a drogas é uma educação contra drogas. Que tipo de educação você acha que devemos adotar para usufruirmos as drogas eficientemente?

Henrique Carneiro: esta é uma questão central. Devemos adotar em relação às drogas não um discurso erradicador e abstensionista puro. O ´just say no´ é uma atitude completamente inviável, porque há uma curiosidade natural das pessoas em conhecer os efeitos das drogas.

Todas as instituições deveriam incentivar os jovens não a ser ´´virgens eternos´´ em relação ao uso destas substâncias, mas sim a conhecê-las em sua imensa gama e nos riscos e benefícios do que cada uma pode trazer. A partir daí, eles escolheriam usá-las ou não, em última instância em função de sua liberdade de escolha. É um direito, assim como fazer alpinismo.

O ideal é um processo educacional em que as pessoas pudessem consumir drogas como parte da iniciação à vida adulta, mas tendo um critério de conhecimento pleno. Ocorreria a substituição do ´just say no´ pelo ´just say know´.

[MATÉRIA EXTRAÍDA DO JORNAL DO CAMPUS. ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES, Universidade de São Paulo, Segunda quinzena de abril de 2008 - NÚMERO 336, ANO 26.]

O uso de drogas psicodélicas é, sob qualquer pretexto, considerado nocivo pela propaganda governamental. Para Henrique Carneiro, autor de seis livros sobre drogas e professr titular do Departamento de História da USP desde 2003, a solução para combater os malefícios do uso destas substâncias não é adotar o discurso de abstenção total, mas sim educar os jovens para que eles desfrutem delas, cientes de seus malefícios. Todas as instituições sociais, da família à escola, devem se envolver no processo de abertura não das portas da percepção, como das do diálogo.


Posto essa matéria com o intuito de estimular uma reflexão a cerca do uso drogas no Brasil. Bem, inicialmente, penso que o Brasil é um país gigantesco e tudo que se pensa para ele, deve-se pensar em toda a sua extensão de norte a sul, de leste a oeste. Henrique Carneiro tem uma brilhante tese sobre como a droga deve ser legalizada, mas ele parte de um princípio ideal, impraticável em São Paulo, quanto mais no Brasil.

Bem, e por que impraticável? Seria o caso de observarmos como se dá o uso de uma substância lícita hoje em dia, o álcool. Podemos afirmar que o álcool é utilizado de forma consciente? Não estou fazendo aqui uma apologia à censura das substâncias químicas, aliás concordo bastante com o que Henrique Carneiro defende, no entanto eu interpreto sua tese como uma utopia que é ótima de ser lida e conhecida, em resumo, um Karl Marx, um Lênin, que na prática acaba gerando resultados que fogem do controle.

Me penduro nas costas do velhinho Paulo Freire para afirmar, com as minhas palavras mas com as idéias do pedagogo, de que é impossível de se pensar em uma lei, uma estrutura ou uma idéia que sirva para todas as extensões brasileiras. As mudanças devem surgir em escala regional, e aí eu me apoio a Henrique Carneiro e afirmo que não deve haver intromissão de igreja, nem de governo, nem de nada quanto às mudanças naturais que ocorrem na sociedade, pois não adiantou nada a igreja posicionar-se contra o uso da camisinha, contra a terra ser redonda, contra o renascimento... as coisas acontecem como devem acontecer. Não devemos forçar nem daqui, nem dali.

E bem... vamos tomar cuidado com o excesso de partidarismos...

Sem mais.

Ricardo Celestino

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