quinta-feira, 3 de abril de 2008

NUM FUNDO FUNDO DE MINHA CABEÇA

Eu acordei naquela noite caminhando numa estrada deserta, mas de repente estava no meio de uma multidão que me olhava horrorizada. Minhas mãos, que cavucavam areia, estranhamente tornaram-se vermelhas e eu não me sentia ferido. O bisturi cavucou o peito de um senhor qualquer. A avenida parou até que meu corpo se tornasse um animal bruto prestes a virar sabão num camburão-carrocinha.

Minha cabeça bateu tão forte na água do mar que mais parecia a cela de uma prisão. Eu via minha mãe transformar-se em avó e minha avó em minha irmã. Alguém gritava tanto que não me deixava dormir... e eu não estava com sono e não conseguia parar de gritar... até que o silêncio chegou.

O silêncio veio como um líquido forte que fez baquiar. tava meio abobado ouvindo os conselhos daquela velha garota criança que se projetava como minha mãe-avó. Acabara, por fim, de inventar um novo parente: a mãe-avó.

- Ricardo Celestino

``Em doença mental e Psicologia, Foucault afirma que qualquer que seja o grau e a forma da doença mental, sempre implicará num grau de consciência do doente sobre a sua doença. Desta forma, os doentes t~em consciência de dois mundos e estes são reais para ele. Assim, Foucault afirma: ``A consciência do doente desdobra-se sempre, por si mesma, numa dupla referência; quer ao normal e ao patológico; quer no familiar e ao etranho; seja ainda, ao singular e ao universal; seja, finalmente, à vigília e ao onirismo.´´ Diante desse conflito entre os dois mundos, há uma perturbaçã tanto no mundo circundante quanto no mundo participante, tendo o doente que tentar se situar no tempo e no espaço dos dois mundos; o que se torna extremamente complexo, fazendo com que este doente fique, em muitos casos, decontentado destes - além de - situa-los fora da realidade comum.´´
Tempo e Espaço em Doença Mental e Psicologia
- Catia Ribeiro de Santana Lopes

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