quinta-feira, 13 de março de 2008

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E duas cabeças viciadas em Quentin Tarantino pensam em fazer algo com a Revolta da Vacina.

RETOMANDO NIGHTBYTES CITY

Nightbytes city é uma série de três volumes. Não há muito o que dissertar sobre a série ainda, pois está em processo de criação.

1º Volume - Nightbytes city - O diário de Fontana Kaos;
2º Volume - Nightbytes city - O segredo de Rycoom;
3º Volume - Nightbytes city - A rainha do submundo.

Aí vai um pedaço do primeiro capítulo do diário de Fontana Kaos.

``entrego meu corpo e minha alma ao Estado.Que este faça dele o melhor que puder e o que desejar.Te amo Vênus, te odeio prosa romântica.``

1 de maio

Uma chuva vermelha fere a veste de todas as pessoas as deixando totalmente nuas. A pele foifeita de alma. A veste são morais sociais.

Andava entre feras e entre feridos. Os primeiros, consumidos pela ignorância, os segundos,vítimas da preguiça. Ego não existe sem centrismos, por isso sou egocêntrico, num mar deartistas egocentristas.

Acordei com vontade de vomitar. Meus pulmões andam carregados de substânicas de meus cigarros baratos. Compro com um fornecedor da rua 13. As ruas são números assim como os transeuntes. Quando fui embora do bar já era tarde. Bebi demais.

Todos festejaram minha entrada no curso de sociologia. Parece que somos dez na cidade inteira. As pessoas não querem mais a reflexão. Algumas aulas serão através do mundo virtual. Criarei o Finnigans Dublin, em homenagem a um de meus modernos prediletos. Ele será eu no mundo acadêmico virtual. Não o tratarei aqui como eu, em primeira pessoa, mas como um outro eu, com outra personalidade e outras manias.

O mundo acadêmico anda com muitas novidades. Algo como ficção científica invade as salas de aula. A biblioteca já não tem o cheiro de mofo... aliás, o mofo é virtualmente inserido em nossos cérebros contaminando nossos pulmões apenas para dar um toque de realismo cancerígeno. Os slogans publicitários apoiam: fume virtualmente! Fumar no mundo virtual é uma dependência saudável que não afeta o corpo.

O Estado financia meu curso. Fazem questão de jogar o favor em minha cara a todo instante: se tiver aproveitamento menor que setenta por cento, será encaminhado à psicologia. Provavelmente Finnigans será azul para diferenciar dos demais, ou talvez não terá um dos membros por contenção de despesas.

(...)

- Ricardo Celestino

segunda-feira, 10 de março de 2008

O SUICIDA

E estranhamente, ao amanhecer do dia, Lucas estava morto num quarto de motel. Nenhuma pista de assassinato. Vingança? Contra Lucas? Ele que sempre fora tão correto, o acadêmico estudante das letras. Impossível. Mas morrera. E para a tristeza da família, como um suicida. Decidira aproveitar seus últimos minutos ao lado de uma prostituta e depois, entregar-se a um veneno-sacro que custou-lhe a vida. E por que? Quais eram tuas motivações?

Era o gênio das argumentações e tinha os contextos em sua língua-ponta. Sabia como ninguém criar versos que amoleciam as pernas de qualquer colegial. A morte para ele era algo a se começar a pensar depois de seus sessenta anos, aposentado como o escritor do ano, vendendo seu último best-seller. Foi, sem nem ter um único conto publicado. E ainda, deixou pessoas que o amavam tanto, deixou tesouros que ele tanto privara e cuidara. Não, aquilo não poderia ser verdade.

Ele frequentava todos os dias uma lanchonete perto da faculdade. Diziam que ali ficava com um copo de suco, ou cerveja, escrevendo algumas letras. Tinha uma banda. Tinha um blog. Tinha um grupo de pesquisas sobre literatura estrangeira o qual ele chefiava. Gostava muito dos simbolistas. Aquilo era um pouco demoníaco... mas eram só textos. Não, ele não era tão influenciável pelos clássicos. Conhecesse Lucas, perceberiam que ele tinha atitudes de vanguarda.

A vanguarda... era para ele ser enovador dentro do meio artístico, era para ser um célebre dentro das críticas lingüísticas... mas decidira terminar como um oculto... um só-mais-um que não aguentou... isso não é do Lucas... GENTE! POR QUE O LUCAS? ISSO NÃO É DO LUCAS!

Ele que tanto queria a imortalidade, terminou como só um dramático shakespeariano sem motivos. A prostituta que estava com ele nem soube de sua morte, pois minutos depois se arranjara com outro. Os amigos choraram... sua mãe chora... Lucas não... Lucas suicidou Lucas.

- Ricardo Celestino

NOVAS REFLEXÕES SOBRE O TÉDIO

Tédio!
Um sentimento que poderia ser facilmente utilizado para inspiração.
O tédio foi o grande motivo para a existência de inúmeras bandas punks e certas literaturas marginais. Assim como a tristeza, o tédio também é inspirador.
Alguém acha que canções como "Now I Wanna Sniff Some Glue", "I Wanna Be Sedated" teve início a outro sentimento diferente do tédio? Ou "Still Ill" da tristeza?
Mas não vamos falar sobre tristeza, isso é sobre tédio!
Na adolescência, por exemplo, talvez seja vital sentir tédio. A criação que vem a partir do nada para fazer absolutamente nada, assim como abrir a geladeira sem saber o que comer... isso é tédio!
Algumas das minhas canções punks favoritas tem muito a ver com isso: "Bored Teenagers" do Adverts, "Orgasm Addicted" do Buzzcocks, "Lively Arts" do Damned... deveríamos prestar mais atenção no tédio. Dele podem surgir idéias maravilhosas.
Ah, cale-se Neobrazillix... tédio é fica germinado que nem samambaia em casa! Pois é, e por isso mesmo que deveríamos prestar mais atenção.
Note:
"Sneaking in the back door with dirty magazines.
now your mother wants to know what all those
stains on your jeans.
and you're an orgasm addict.
you're an orgasm addict".

Ou

"We're talking into corners.
Finding ways to fill the vacuum.
And though our mouths are dry.
We talk in hope to hit on something new.
Tied to the railway track.
It's one way to revive but no way to relax.
We're just bored teenagers.
Looking for love,
Or should I say emotional rages.
Bored teenagers.
Seeing ourselves as strangers".

Na literatura o sr. Richard poderia dizer melhor do que eu. Sim, é possível tirar proveito do tédio (assim como de várias situações tediosas) e criar muito com isso, mas não precisamos incentivar o tédio. Isso nem é preciso. Muito menos "academizá-lo". Nem ele, nem o Punk!
Isso sim seria tedioso...

- Erick Martorelli

Ahh! É ótimo refletir sobre o tédio! E vejamos... a literatura não é fruto exclusivo do tédio. Seria um crime dizer que todos os poetas e escritores escreveram induzidos pela falta do que fazer... (eu sim, posso afirmar, que escrevo única e exclusivamente devido a falta do que fazer).

Eu realmente não tenho comprovações nem argumentos para afirmar que o tédio está presente em obras literárias... apenas estou pensando nisso agora e dando uma brecha para uma reflexão mais aprofundada. Talvez minha tal tese de mestrado seja A INCRÍVEL FALTA DO QUE FAZER DE MACHADO DE ASSIS...

Mas a questão é que são inúmeros fatores que nos motivam a criar um texto (seja ele literário ou não) e isso faz da escrita algo mais cotidiano do que imaginamos... algo muito mais prático do que pensamos. Aliás, escrever é necessidade humana... e quando afirmo isso, não afirmo de minha cabeça vazia, mas da cabeça de Roland Barthes, que compara a necessidade de escrever com a necessidade de fazer sexo (necessidades diferentes da fome e da sede, mas necessidades).

Logo, não só o tédio mas o amor, a política, a economia, a sociedade e também a ausência de sexo pode nos motivar a criar um bom texto.

=)

- Ricardo Celestino

BRUTOS E OTÁRIOS?

Poema dos Brutos

Seis jovens moços
Num quadrado da mesma rua
Digo, quatro garotos
E dois meninos musas.

Na gélida madrugada, esperam
Quem queira perversão
Ao som da sirena, esgueiram
Para furtiva escuridão
São os celebres refúgios
Na noturna ocupação.

Exígua são as pomas
Dos dois meninos musas
Cingidas são as calças
Esperando mãos intrusas.

Quatro jovens garotos
Despidos de suas blusas
Curtas são o que vestem
Mínimas bermudas.

Em agudos e graves
Na canção das mesmas frases
Suas vozes cantam
A fase da puberdade.

Seis jovens moços
Num quadrado da mesma rua
Digo, quatro garotos
E dois meninos musas.

Nudez cifrada em corpos crus!

- Erick Martorelli

Pois é... uma invasão bem-vinda a literatura sem-nome. É estranho como nos deparamos com a nudez cifrada todos os dias em nosso meio social. Despir-se até conseguir o que quer não está limitado exclusivamente ao sexo... pensem nisso!

E isso inspirou-me a criar o Dialeto dos Otários.

Dialeto dos Otários

Esquinas em escuridões.

Ter é esbanjar o consumido,
e cuspir é não saborear o explorado.
Sejas um ser-social
e mantenha-se por cima,
sempre por cima,
pois o medo de estar embaixo
é o medo de perder o que sempre terá.

Não sejas um bondoso de corações divididos,
o coração é um só e apenas serve para bombear teu sangue.

Envolver-te está fora de questão!

ps: os melhores poetas são os que não anseiam poesia.

=)

- Ricardo Celestino

sexta-feira, 7 de março de 2008

TÉDIO


EU TENHO UM MUNDO INTEIRO CAGANDO PRA MIM!



- Ricardo Celestino

À CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

Escrevo-lhe, amigo finado Carlos Drummond de Andrade, para informar que o senhor deve se sentir putérrimo pela falta de sorte em ter vivido em tão chata época. Hoje o mundo tem muito mais poética do que tivera em tua época.

Posso dizer que ele está em órbita no espaço... vagando sem aquele rumo, sabe? Então nem preciso dizer que o tédio continua... ah! se continua!

Se você sai de casa, sai pra num fazer nada... e quanto mais nada se faz, mais melhor fica. A língua trava de tanta preguiça de fala, e chegar a pensar é coisa de marciano que não tem o que fazer. Tão dizendo por aí que é preferível pedir emprestado o dos outros, do que usar do seu próprio. Sei lá, coisa de gente estranha. PÔ! VOCÊ JÁ DEVERIA ESTAR ACOSTUMADO COM ISSO!

Bem, aquele chatão desiludido continua... mas eles viraram chiques. Sabe, agora parece que virou moda você dizer que o mundo é um saco! Que a vida é um tédio! E olha que eu to muito na moda, por que estou fazendo exatamente isso... pois é, o mundo-saco fica ainda mais saco com esses caras todos reclamando. Ahhh! Inventar moda já é demais, hein seu Carlinhos. Mas enfim, esses chatões só não se matam por que eles fazem questão de matar os outros de ainda mais tédio. E o pior de tudo é que eles têm aquela mania infernal de afirmar tudo com olhos de rapina: Ó MUNDO! Ó DIACHU!

E outro dia falaram que as mulheres de hoje são mais belas que a do teu tempo... num sei. A única coisa que sei é que as mulheres do teu tempo, hoje, não são mais belas...