segunda-feira, 10 de março de 2008

NOVAS REFLEXÕES SOBRE O TÉDIO

Tédio!
Um sentimento que poderia ser facilmente utilizado para inspiração.
O tédio foi o grande motivo para a existência de inúmeras bandas punks e certas literaturas marginais. Assim como a tristeza, o tédio também é inspirador.
Alguém acha que canções como "Now I Wanna Sniff Some Glue", "I Wanna Be Sedated" teve início a outro sentimento diferente do tédio? Ou "Still Ill" da tristeza?
Mas não vamos falar sobre tristeza, isso é sobre tédio!
Na adolescência, por exemplo, talvez seja vital sentir tédio. A criação que vem a partir do nada para fazer absolutamente nada, assim como abrir a geladeira sem saber o que comer... isso é tédio!
Algumas das minhas canções punks favoritas tem muito a ver com isso: "Bored Teenagers" do Adverts, "Orgasm Addicted" do Buzzcocks, "Lively Arts" do Damned... deveríamos prestar mais atenção no tédio. Dele podem surgir idéias maravilhosas.
Ah, cale-se Neobrazillix... tédio é fica germinado que nem samambaia em casa! Pois é, e por isso mesmo que deveríamos prestar mais atenção.
Note:
"Sneaking in the back door with dirty magazines.
now your mother wants to know what all those
stains on your jeans.
and you're an orgasm addict.
you're an orgasm addict".

Ou

"We're talking into corners.
Finding ways to fill the vacuum.
And though our mouths are dry.
We talk in hope to hit on something new.
Tied to the railway track.
It's one way to revive but no way to relax.
We're just bored teenagers.
Looking for love,
Or should I say emotional rages.
Bored teenagers.
Seeing ourselves as strangers".

Na literatura o sr. Richard poderia dizer melhor do que eu. Sim, é possível tirar proveito do tédio (assim como de várias situações tediosas) e criar muito com isso, mas não precisamos incentivar o tédio. Isso nem é preciso. Muito menos "academizá-lo". Nem ele, nem o Punk!
Isso sim seria tedioso...

- Erick Martorelli

Ahh! É ótimo refletir sobre o tédio! E vejamos... a literatura não é fruto exclusivo do tédio. Seria um crime dizer que todos os poetas e escritores escreveram induzidos pela falta do que fazer... (eu sim, posso afirmar, que escrevo única e exclusivamente devido a falta do que fazer).

Eu realmente não tenho comprovações nem argumentos para afirmar que o tédio está presente em obras literárias... apenas estou pensando nisso agora e dando uma brecha para uma reflexão mais aprofundada. Talvez minha tal tese de mestrado seja A INCRÍVEL FALTA DO QUE FAZER DE MACHADO DE ASSIS...

Mas a questão é que são inúmeros fatores que nos motivam a criar um texto (seja ele literário ou não) e isso faz da escrita algo mais cotidiano do que imaginamos... algo muito mais prático do que pensamos. Aliás, escrever é necessidade humana... e quando afirmo isso, não afirmo de minha cabeça vazia, mas da cabeça de Roland Barthes, que compara a necessidade de escrever com a necessidade de fazer sexo (necessidades diferentes da fome e da sede, mas necessidades).

Logo, não só o tédio mas o amor, a política, a economia, a sociedade e também a ausência de sexo pode nos motivar a criar um bom texto.

=)

- Ricardo Celestino

BRUTOS E OTÁRIOS?

Poema dos Brutos

Seis jovens moços
Num quadrado da mesma rua
Digo, quatro garotos
E dois meninos musas.

Na gélida madrugada, esperam
Quem queira perversão
Ao som da sirena, esgueiram
Para furtiva escuridão
São os celebres refúgios
Na noturna ocupação.

Exígua são as pomas
Dos dois meninos musas
Cingidas são as calças
Esperando mãos intrusas.

Quatro jovens garotos
Despidos de suas blusas
Curtas são o que vestem
Mínimas bermudas.

Em agudos e graves
Na canção das mesmas frases
Suas vozes cantam
A fase da puberdade.

Seis jovens moços
Num quadrado da mesma rua
Digo, quatro garotos
E dois meninos musas.

Nudez cifrada em corpos crus!

- Erick Martorelli

Pois é... uma invasão bem-vinda a literatura sem-nome. É estranho como nos deparamos com a nudez cifrada todos os dias em nosso meio social. Despir-se até conseguir o que quer não está limitado exclusivamente ao sexo... pensem nisso!

E isso inspirou-me a criar o Dialeto dos Otários.

Dialeto dos Otários

Esquinas em escuridões.

Ter é esbanjar o consumido,
e cuspir é não saborear o explorado.
Sejas um ser-social
e mantenha-se por cima,
sempre por cima,
pois o medo de estar embaixo
é o medo de perder o que sempre terá.

Não sejas um bondoso de corações divididos,
o coração é um só e apenas serve para bombear teu sangue.

Envolver-te está fora de questão!

ps: os melhores poetas são os que não anseiam poesia.

=)

- Ricardo Celestino

sexta-feira, 7 de março de 2008

TÉDIO


EU TENHO UM MUNDO INTEIRO CAGANDO PRA MIM!



- Ricardo Celestino

À CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

Escrevo-lhe, amigo finado Carlos Drummond de Andrade, para informar que o senhor deve se sentir putérrimo pela falta de sorte em ter vivido em tão chata época. Hoje o mundo tem muito mais poética do que tivera em tua época.

Posso dizer que ele está em órbita no espaço... vagando sem aquele rumo, sabe? Então nem preciso dizer que o tédio continua... ah! se continua!

Se você sai de casa, sai pra num fazer nada... e quanto mais nada se faz, mais melhor fica. A língua trava de tanta preguiça de fala, e chegar a pensar é coisa de marciano que não tem o que fazer. Tão dizendo por aí que é preferível pedir emprestado o dos outros, do que usar do seu próprio. Sei lá, coisa de gente estranha. PÔ! VOCÊ JÁ DEVERIA ESTAR ACOSTUMADO COM ISSO!

Bem, aquele chatão desiludido continua... mas eles viraram chiques. Sabe, agora parece que virou moda você dizer que o mundo é um saco! Que a vida é um tédio! E olha que eu to muito na moda, por que estou fazendo exatamente isso... pois é, o mundo-saco fica ainda mais saco com esses caras todos reclamando. Ahhh! Inventar moda já é demais, hein seu Carlinhos. Mas enfim, esses chatões só não se matam por que eles fazem questão de matar os outros de ainda mais tédio. E o pior de tudo é que eles têm aquela mania infernal de afirmar tudo com olhos de rapina: Ó MUNDO! Ó DIACHU!

E outro dia falaram que as mulheres de hoje são mais belas que a do teu tempo... num sei. A única coisa que sei é que as mulheres do teu tempo, hoje, não são mais belas...

EU PREFIRO O SONO...

Escrever sobre o tédio hoje seria uma coisa muito artificializada... com as minhas pálpebras do jeito que estão, fica completamente impossível eu escrever sobre qualquer outro sentimento que não seja o sono que me acomete. Aliás, hoje em dia minha preferência ao sono tem sido muito maior que qualquer outra coisa. Nunca almejei tanto uma cama e boas vinte horas ibernadas.

Bem, estive a vasculhar o blog de um escritor recente chamado Santiago Nazarian... me chamou atenção!, mas é o máximo que consigo refletir sobre esse escritor ainda. Não farei nenhum juízo de valor sobre tua obra mesmo por que ela não trata sobre o sono e também ainda não a conheço. Vi que ele é bem conceituado em algumas revistas, e que também gosta de cutucar os outros... isso é, bem, não adjetivado ainda rs...

Eu só digo que cutucar exige muito conhecimento e mais ainda coragem. Se ele sabe mesclar essas duas coisas e tiver a ousadia de um bêbado nu em frente a um convento de freiras sessentistas... mas enfim... sono! SONO! Fica completamente impossível escrever quando essa maldição lhe acomete as pálpebras...

Alguém já percebeu que quando você sente sono sua cabeça fica mais abobalhada? Nada pessoal, é só alguns pontos que preciso colocar para um autocontentamento. Aliás, a chance de escrever bobagens quando se está com sono é ainda maior... preferível seria parar por aqui... aliás, o ideal.

Então é isso... queria agradecer as pálpebras enjoadas de vocês e dizer que irei dormir... ops... trabalhar. rs.. quem me dera ter realmente o luxo de tirar uma soneca no trabalho.

=)

= Ricardo Celestino

quinta-feira, 6 de março de 2008

GUIMARÃES ROSA – 100 ANOS

A PUC SP inicia suas atividades acadêmicas com uma justa homenagem ao escritor Guimarães Rosa, em comemoração ao centenário de seu nascimento. Homenagem à genialidade, à criatividade, à visão crítica sempre presente em suas obras. O TUCA – espaço de cultura da PUC - recebe, nos dias 11, 12 e 13 de março, estudiosos de Literatura, pesquisadores e artistas que têm a obra de Guimarães como fonte de criação para seus trabalhos.Além da exposição de pesquisas em palestras e debates, haverá a presença de contadores de histórias, músicos, grupos de teatro, bordadeiras de Minas Gerais e de S.Paulo para trazer para o público um pouco da magia de Guimarães.


Programação


11 de março

9h30 – 12h00


Abertura oficial – Vice Reitoria Acadêmica
José Mindlin – Encontro com o escritor. Histórias de livros.
Beatriz Berrini – O sertão brasileiro na savana moçambicana
Francisco Papaterra apresenta os textos:

Canção de Siruiz (Grande Sertão:Veredas) A 3ª. Margem do Rio (Primeiras Estórias)

14h00 – 18h00


DIVERSIDADE DE OLHARES NA OBRA ROSEANA

Coord. - M. Aparecida JunqueiraAlunos e professores da PUCSP apresentam seus trabalhos de Criação, Iniciação Científica, mestrado e Doutorado sobre a obra roseana.Programação detalhada a ser divulgada.

19h30

CANTANDO GUIMARÃES
Jean e Joana Garfunkel apresentam músicas inspiradas nos contos do escritor.
CONTAÇÃO DE ESTÓRIAS
Tudo era uma Vez e Miguilim contam Guimarães
(Dôra Guimarães e Elisa de Almeida, contadoras de estórias do Grupo Tudo Era Uma Vez de Belo Horizonte, e Tiago Goulart, do Grupo Miguilim de Cordisburgo, apresentando contos de Guimarães).

12 de março

9h30

Sandra Vasconcelos - A formação de um escritor: Guimarães Rosa no Instituto de Estudos Brasileiros.
José Osvaldo dos Santos (Brasinha) – Personagens e Lugares: Ficção ou Realidade?
Maria José Gordo Palo – O imaginário no realismo de Guimarães Rosa.

15h00

Contadores de Estórias de Minas (repetição do programa de 11/2) ingressos para escolas e público em geral.
20h00“A Hora e Vez do Augusto Matraga” Francisco Papaterra Limongi e filhos apresentam o conto do livro Sagarana.

13 de março

20h00

– Peça de teatro MULHERES DE ROSAAtores, formados no Curso de Artes do Corpo da PUCSP apresentam Monólogos extraídos da obra de Guimarães. Direção José Rubens Siqueira
EXPOSIÇÕES

Saguão do TUCARENA

Grupo Teia de Aranha A partir da obra do escritor, o grupo cria representações em bordado. Desenvolve oficinas de bordado em cidades mineiras como Cordisburgo, Morro da Garça, Andrequicé e no estado de São Paulo.
Painel inspirado no Grande Sertão:Veredas: 5 painéis de 1 mt. X 6 mts.
Painéis menores - inspirados nos contos “Buriti”, “Estória de Lélio e Lina”, “Miguilim”, “Sorôco”,
Mapa do Coração - desenho realizado pelo escritor e oferecido à sua esposa Aracy
Memória viva do sertão Retratos fotográficos e registros em áudio de narrativas de vida de pessoas do sertão roseano. Beth Ziani – pesquisadora e doutoranda/USP
Meninos quietos Brinquedos e brincadeiras das crianças do sertão de Minas Gerais e presentes na obra de Guimarães Rosa .Selma Maria – pesquisadora e arte-educadora
Apresentação dos participantes
Beatriz Berrini, professora do programa de Pós Graduação em Literatura e Crítica Literária da PUCSP, onde ministra neste semestre um curso especial sobre Guimarães. Organizou a publicação .....
José Mindlin, bibliófilo, com a maior Biblioteca particular do Brasil, possui coleções raríssimas de diversos autores, entre eles os primeiros exemplares dos livros do escritor Guimarães Rosa.
Vera Tess, neta da Da. Aracy Guimarães Rosa, escreveu “Ó, ó, ó do vovô” a partir dos cartões postais que o escritor e a sua avó enviavam de suas viagens.
Francisco Papaterra, contador de estórias, conhecedor da obra de Guimarães, cujos contos narra de modo especial. Já se apresentou em diversos espaços de S.Paulo e Minas Gerais.
Jean Garfunkel, violonista, compositor de músicas de MPB, pesquisador de músicas folclóricas, contador de estórias e autor de músicas inspiradas de diversos escritores, como Guimarães Rosa.
Joana Garfunkel, cantora, contadora de estórias, pesquisadora da obra Roseana.
Dôra Guimarães e Elisa de Almeida, contadoras de estórias com apresentação por todo o Brasil e em Portugal. Professoras:. do Grupo Miguilim, contadores de estórias de Cordisburgo/MG, terra do escritor Guimarães Rosa; . de contadores de estórias de diversas cidades do Circuito Literário Guimarães Rosa em Minas Gerais . de Oficinas de Conta Contos em todo o Brasil
Tiago Goulart, estudante, contador de estórias do grupo Miguilim, desde a sua formação em 1995.
Cida Junqueira, coordenadora do Programa de Pós Graduação de Literatura e Cr[itica Literária ......
Sandra Guardini T.Vasconcelos, professora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP; autora de diversos artigos publicados nas Revistas e Jornais da USP; autora do livro “Puras Misturas” que fala do conto Uma Estória de Amor, do livro “Manuelzão e Miguilim”. Curadora do arquivo de Guimarães Rosa no IEB/USP.
José Osvaldo dos Santos, conhecido como Brasinha, da cidade de Cordisburgo, auto didata, conhecedor de toda obra Roseana, pesquisador de lugares e personagens dos livros do escritor, coordenador do Grupo Nos Caminhos do Sertão que faz caminhada eco-literária com contadores de estórias indo aos lugares citados nos contos. Diretor Cultural da Associação dos Amigos do Museu Casa Guimarães Rosa e membro da Diretoria do Circuito Literário Guimarães Rosa.
José Rubens Siqueira – Diretor de Teatro, dramaturgo, professor do curso de Artes do Corpo, da PUCSP. Em 2006 criou o espetáculo Mulheres de Rosa a partir de pesquisa em torno das personagens femininas em Guimarães. O espetáculo inicial, apresentado no Tucarena, reuniu mais de 40 atores em cena.

Coordenação Maria Aparecida Junqueira ( Coord. Pós de Literatura e Crítica Literária)Ana Salles Mariano (diretora do Teatro TUCA)
Colaboração EspecialRosa Haruco Tane
Produção ExecutivaSérgio RezendeAssistente de produçãoArthur Moreau
Comunicação VisualAndré Lacroce

quarta-feira, 5 de março de 2008

UMA HOMENAGEM...

E veio como um furacão lexical
destruir as ventas do que se tem por hoje
como a tradição dos livres.

e julgo a tradição dos livres o movimento que se libertou das algemas dos limitados,
e julgo a limitação um necessário sem adjetivo de culpa,
e julgo ainda, que cada um faz o que cada um faz em seu tempo.

e penso na linearidade do que nunca foi linear,
e do depreciador que sempre esteve a depreciado
e pensar não é alfinetar, mas espancar com palavras sinceras.

vive-se um luto dentro de alegrias marginais
e pensa-se o mundo
com mil e uma notas de mercado
que também não tem
o que se tem por adjetivação,
e o que se entende como o bem e o mal em artes poéticas.


- Ricardo Celestino

(taí uma homenagem a meu bom amigo Erick Martorelli, parceiro de taça, parceiro de longas datas)