quarta-feira, 18 de março de 2009

CAPÍTULO II - A GRANDE ARTE DE AMAR

(ME DESCULPEM MAS NÃO CONSEGUI FAZER O POSTER DA PEÇA DE ANGÉLICA, UMA VEZ QUE MEUS BASEADOS ACABARAM. - Vieirinha)



Eu estava de mãos dadas com meu namorado quando ouvi um baita dum estrondo. De repente, uma gritaria e um brutucu do tamanho de uma montanha queria acertar a cabeça de um motorista maluco que vinha pela contramão e acertou o caminhão em cheio. Um amigo do brutucu tentou segurá-lo, mas ele não conseguiu e o rapaz que estava meio inconsciente no carro nem se deu conta da origem dos tapas que tomava. De repente umas pessoas curiosas começaram a separar o brutucu e ele se acalmou. Eu e meu namorado ajudamos o motorista maluco e eu percebi que ele sangrava um pouco na testa. Perguntei se era pelos tapas ou pela batida, ele disse que já não sabia de nada e falei se ele não queria ir à delegacia fazer uma ocorrência. Na realidade, ele disse que fugia um pouco de policiais e preferia deixar como estava. Assumiu o erro.
O carro de meu namorado estava próximo daquela rua, mas ele não ofereceu levar o homem ao hospital pois estávamos atrasados. Ele tinha trabalho e eu precisava estudar umas páginas da peça que entraria em cartaz no sábado. Resolvemos deixar assim, outros o ajudariam. Desejamos-lhe boa sorte e continuamos andando.
Já começávamos a ensaiar no palco que seria o espetáculo e cheguei atrasada como sempre. Sentei num puff vermelho, que era parte do cenário da peça e tirei meu jeans. Minha personagem era uma ninfeta que se apaixonaria pelo namorado da irmã. Interessante que nesta peça teria uma cena de sexo explícito que chocaria o público. Não tinha censura de idade, então as mães ficariam horrorizadas e os filhos impressionados em ver o que viam na internet mas nunca ao vivo. O difícil era concentrar para gozar no momento certo. Tudo isto exigia certo cuidado, certa concentração...
Ensaiei três horas. Minhas falas variavam entre frases filosóficas a cerca do que era o relacionamento no mundo moderno e gemidos de prazer pela habilidade sexual do namorado de minha irmã. O interessante é que a minha irmã nos assistia durante o ato e também tinha cenas reais de masturbação. Essas coisas chocariam o público. A intenção era justamente perceber se eles observariam o apelativo ou a obra como um todo. O sexo era um poema dentro da poética toda que era a obra. Bem, nosso diretor era um tanto maluco, podem ter certeza.
Sai do ensaio e fui jantar com o pessoal. Meu namorado me encontraria no bar depois do expediente dele. Nós nos conhecemos numa de minhas peças. O título da peça que ensaiávamos era A Grande Arte de Amar.
Ah, aquele rapaz do trânsito meu namorado acabou ficando com dó e ajudando ele a ir ao hospital. Por coincidência eles moram quase na mesma rua, no mesmo bairro. O nome dele é Vieirinha e ele tem um blog e prometeu colocar algumas coisas sobre a peça com uma chamada bem atraente e pornográfica. Assim as pessoas pensam que trata-se ou de uma obra pornográfica ou de um teatro maluco com idéias novas. Não conheço ninguém que tenha feito teatro com cenas pornográficas, mas acho que isto é inovador, lembrando que é uma coisa que todo mundo faz e a modernidade anda perdendo seus tabus ao falar disso publicamente. Heranças da idade média!
Meu nome é Angélica Lemos, sou atriz e tenho vinte e cinco anos.

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