Hoje acordei com vontade gigantesca de escutar Ramones, então, gostaria de desejar a todos um bom punk rock no dia de hoje.
Escutem Ramones, Damned, Buzzcocks, Clash, Stiff Little Fingers, Vibrators, New York Dolls (embora não seja punk anda junto), MC5 (idem), e aí, quando enjoar, voltem a falar de violão, São Paulo, amor, tédio, raiva, euforia, angústia, e MPB.
Será que uma coisa se assemelha a outra? Ou eu preciso realmente dividir-me. Hoje estou de moicano, amanhã de terno, gravata e óculos a lá João Gilberto, hoje eu me fantasio de travesti e amanhã sou apreciador de pianos bem tocados.
Acho que na realidade, nós somos uma grande tropicália. O Brasil é uma grande tropicália, vai de Carlinhos Brown à Iron Maiden facilmente, todos os dias, talvez na mesma sequência no Media Player. E aí, um leitor atento falaria, cassete! Você critica a virada cultural por misturar rondó com forró e fala que o Brasil é naturalmente um rondó e um forró?
É, sei lá, eu acho que existem influências tropicalistas alienantes nessa vida. Cada um tem que saber o tropicalismo que lhe toque e lhe desenvolva. Talvez você escutando Ramones seguido de João Gilberto dê muitas náuseas, mas conheço muita gente que aceita um Joy Division seguido de Vomito Negro, Prodigy e coisas que não me descem muito bem.
Já que estamos na era moderna, o tropicalismo é facilmente realizável no nosso quarto, no nosso computador. O problema é quando estamos concentrados demais em digitar, em ler besteiras e toda aquela informação não é mais cultural, é um simples som ambiente, um nada passando por aí. Tal como na Belle Epòque...
Direto do túnel do tempo, o Brasil e o mundo regredindo... regredindo... mas ao mesmo tempo evoluindo... evoluindo... é o tropicalismo. É o barraco sem número identificado por um condomínio fechado logo ao lado.
Tropicalismo, de Ramones à virada cultural, à fome, à miséria...
E daí eu questiono, se virada é realmente cultural, por que uma noite de zumbis e não um catso de sessão de Cinema Novo? Eu estou louco para assistir Cinco Vezes Favela e parece impossível de se achar esse filme.
- Ricardo Celestino
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