segunda-feira, 25 de maio de 2009

OLHOS NOS OLHOS, E UMA VONTADE GIGANTESCA DE SER CHICO BUARQUE...

DESNECESSARIAMENTE DISTANTE

E mesmo tudo sendo sem sentido,
Eu encontro em uma sombra uma rota,
Um caminho,
Que me guia ao que sonhos levarão.

Amar você é desfrutar subjetividades,
Nas objetividades do mundo moderno.
Amar você é eternizar-se no agora
E futurizar um bom presságio
Eternamente ao seu lado.

E o que dizer do passado,
Se amar você é uma história, dia-a-dia.

Se dissessem que nada vale a pena,
Eu diria que tudo vale mais a pena
Sabendo que hoje estou com você.

- Ricardo Celestino

E de pouquinho em pouquinho a gente vai dando um jeito de ficar NECESSARIAMENTE JUNTOS, e de repente todo mundo vai falar CARAAAAALHO, ESSE CARA É LOUCO!, ou quem sabe PO, EU JÁ SABIA, E QUEM É QUE NÃO SABIA?, mas no fim, é mais uma PA acontecendo no mundo.

Mas digamos que é a PA mais perfeita e sincera do mundo!

- Ricardo Celestino

sexta-feira, 22 de maio de 2009

AMOR FINADO

Sinto muito amor,
Não conseguir anunciar minha partida,
É que você já fez tão bem a minha vida,
Que não sei qual serás a minha dor.

Ainda bem que vês,
Que minha vida não anda assim tão decidida,
Que se dedico o sol a sol a estas bebidas,
É que já não sei mais o que fui e o que tu és.

Lembra bem querida,
De nossas brincadeiras e de nossas alegrias vivas,
Por que viver desta imagem indecisa
É desviver todos os sonhos de nossas vidas.

Ainda bem que na noite escura ainda tenho companhia,
Mesmo sabendo que a corda se afina
E que de tão fino um dia tende a estourar.


- Ricardo Celestino

(pensando em um roteiro que acabei de ler pela manhã)

quinta-feira, 21 de maio de 2009

UM POUCO DE PUNK ROCK EM NOSSAS VIDAS

Hoje acordei com vontade gigantesca de escutar Ramones, então, gostaria de desejar a todos um bom punk rock no dia de hoje.

Escutem Ramones, Damned, Buzzcocks, Clash, Stiff Little Fingers, Vibrators, New York Dolls (embora não seja punk anda junto), MC5 (idem), e aí, quando enjoar, voltem a falar de violão, São Paulo, amor, tédio, raiva, euforia, angústia, e MPB.

Será que uma coisa se assemelha a outra? Ou eu preciso realmente dividir-me. Hoje estou de moicano, amanhã de terno, gravata e óculos a lá João Gilberto, hoje eu me fantasio de travesti e amanhã sou apreciador de pianos bem tocados.

Acho que na realidade, nós somos uma grande tropicália. O Brasil é uma grande tropicália, vai de Carlinhos Brown à Iron Maiden facilmente, todos os dias, talvez na mesma sequência no Media Player. E aí, um leitor atento falaria, cassete! Você critica a virada cultural por misturar rondó com forró e fala que o Brasil é naturalmente um rondó e um forró?

É, sei lá, eu acho que existem influências tropicalistas alienantes nessa vida. Cada um tem que saber o tropicalismo que lhe toque e lhe desenvolva. Talvez você escutando Ramones seguido de João Gilberto dê muitas náuseas, mas conheço muita gente que aceita um Joy Division seguido de Vomito Negro, Prodigy e coisas que não me descem muito bem.

Já que estamos na era moderna, o tropicalismo é facilmente realizável no nosso quarto, no nosso computador. O problema é quando estamos concentrados demais em digitar, em ler besteiras e toda aquela informação não é mais cultural, é um simples som ambiente, um nada passando por aí. Tal como na Belle Epòque...

Direto do túnel do tempo, o Brasil e o mundo regredindo... regredindo... mas ao mesmo tempo evoluindo... evoluindo... é o tropicalismo. É o barraco sem número identificado por um condomínio fechado logo ao lado.

Tropicalismo, de Ramones à virada cultural, à fome, à miséria...

E daí eu questiono, se virada é realmente cultural, por que uma noite de zumbis e não um catso de sessão de Cinema Novo? Eu estou louco para assistir Cinco Vezes Favela e parece impossível de se achar esse filme.


- Ricardo Celestino

quarta-feira, 20 de maio de 2009

MINHAS PRIMAS E MEUS FIÉIS

Parecem que combinam em sentir as mesmas fés,
Proclamando o mesmo canto em todos os bordéis,
Vivem minhas primas, junto de teus fiéis,
E eles te gorjetam com notas de papéis.

Aparecem na paróquia, vestindo a batina,
E deixam a safadeza para ali daquela esquina,
Pescam os olhares dos garotos e das meninas,
E diz que é errado suspirar por minhas primas.

Dançam quando o sol é só uma lamparina,
Aproveitam que outros fiéis foram dar uma dormidinha,
E descansam bem ali, ao lado de minhas primas.

terça-feira, 19 de maio de 2009

ACALENTADOS

Num bar da Mooca...

Observei que meu copo esvaziava. Reparei que meu olhar vacilava. Tentei ver mas só vi assombreado, o tempo ficava nevoado. Levantei e me joguei pro lado, com cuidado, não caí no chão. Pedi a conta e apertei a mão do garçon. Seu nome era Thiago.

Saí carregado do bar,
Não conseguia nem enxergar.
Pisei torto no chão,
E pus meu carro, na contramão.
Só vi a lanterna acender, e mais nada,
Acordei com a cabeça inchada.
Sacudi a poeira do corpo,
Estava morto? Que nada.
Só parei quando encontrei minha morada,
Na rua de cima, casa cor de barro.
Avenida bem movimentada, eu moro
Na Paes de Barros.

Uma das pessoas mais queridas que já vi na vida, Carolina, me abraçou e me beijou. Estava suado, com um pouco de frio e um pouco de calor. Naquela hora da noite, com aquela geada, o sangue quente por causa da marvada, despi minha roupa e fui logo pro banho. Me acalentou. Me acalmou. Quase dormi e Carolina me trocou.

Segurar tua mão não é sofrimento algum,
Eu me orgulho de ter um marido bebum.
Me apaixonei quando éramos estudantes,
Agora você saí e eu cuido de nossos brilhantes.

Calma que a vida é uma praça,
Todo mundo vê, todo mundo anda e comenta,
Eu sei que não se vive sem a graça,
D ser um boa-praça, pra seguir em tormenta.

Quando vem eu quero logo te trocar,
Não suporto este teu cheiro de bar.
Diga logo o que trouxe para mim,
Fico aqui esperando meu querubim,
Ai de mim.

Eu me troco e fico pronta para amar,
Mas você vem correndo a decansar,
Não me espera, mas eu me ponho a sorrir
Vendo você, meu bebum, dormir.

Minha mãozinha passeava nos cachinhos ralos. Ele que era dono de uma cabeleira grande, hoje na tua cabeça dá pra encontrar até calos, calos de vivência, experiência, pensador. Uma das coisas mais bonitas que me disse um dia foi, Carolina venha só ver o que pesquei pra você, e no pesqueiro tinham deixado cair uma bota suja molhada. Ai que engraçadinho, ai, que nada. Ai, que menino, ai que marido... ai que acalentada!

De noite meu pescoço vazio,
Chama pro macio, meu amor.
Eu só queria que passasse essa dor,
Essa quentura que vem e que desacalenta,
Eu queria escrever um jornal, um livro, um recado,
Passo mal.
Não me sinto bem,
Não é enjôo de neném.
Estou magoada,
Não estou menstruada,
Estou angustiada,
Não estou desempregada.

Me chamaram pra uma festinha,
Você disse que já vinha, que já ia chegar.
Deixei pra lá, vou te esperar,
Dá-se um jeito pra gente ficar.

Você me avisou que o ônibus atrasou,
O bar inundou,
Que teu pé entortou,
Que o médico faltou,
Que teu patrão te ligou,
Teu pai te chamou.

Deixa assim, deixa bem,
Fica pra outro dia, outro dia você vem.

E quando chegou,
Me acalentou.

- Ricardo Celestino

segunda-feira, 18 de maio de 2009

AMIZADES, PAIXÕES E BEBEDEIRAS

O que é estar de passagem?
Se não ganhar asas e desfrutar de liberdade,
pra quê?

Conseguir correr, gritar na mesma intensidade que
Chorar, sorrir e lutar,
se estar só passando é deixar,
como em um tronco que deixa marcado tua passeada.

E se estar de passagem é andar, andar e andar,
tem que ter para isso bons companheiros,
boas companhias,
que te presenteiam todo dia com surpresas.

Um dia talvez venha-lhe uma vontade de correr ou parar,
sair um pouquinho do alcance de todo mundo,
mas estes companheiros de pernadas vão parar se você estiver cansado,
ou irão correr atrás de você para presenciar tua vitória ali,
ao vivo.

E no momento que você mais precisa de todo mundo por perto,
Pode ser que não estejam,
Eles também correm e você também deveria acompanhá-los,
então vai lá camará,
dá uma ligadinha e chame-os para umas cervejas,
compartilhar andanças na mesa parada
que movimenta moinhos,
que gera energias,
que forma bacharéis e realiza artistas.

É só não cair no esquecimento
sempre lembrar que
A vida é um cimento se estruturando,
Uma construção,
um pedacinho,
uma porçãozinha de tentativas,
e que se na vida não tiver companhias,
companheiros,
vale o que?

Se só deixar ir sem ter ninguém para te ver sorrir,
Acaba por ter que mandar ofício de amizade
e convocação para felicidade
com data e hora marcada.

Valeu, camaradas!

Ricardo Celestino

sexta-feira, 15 de maio de 2009

SÃO PAULO

Escolhe alguma coisa pra eu comer?

Dá uma bala, uma flor pra namorada?

Eu podia estar matando, roubando, sequestrando...

Escolhe alguma coisa pra eu viver?

Bala ou flor pra namorada?


- Ricardo Celestino


SOLDADO DE PAPEL

Conheci um soldado de papel
que em banho d´água se desmanchava,
Soldado que marchava,
de roupagem, marcado, de tonel.

O soldado de papel
No vento livre se encolhia, chorava,
Esperava limpar o céu.

Esse soldado de papel,
de babel em babel acorrentado,
Se sentindo motivado,
Pois em tua farda um chapéu.

Fuzilado soldado de papel.

- Ricardo Celestino