segunda-feira, 8 de junho de 2009

CÂNTICO AZUL

Senti vontade de levantar rápido depois de ter engolido aquela praga! - foi o que disse Carlos após consumir uma bolinha e agarrar-se ao violão. Sempre que exibia seus dotes solísticos um pouco fora de tempo, mas não sem brilho, estava com alguma química agindo em seu organismo. Sóbrio seria um dos melhores violonistas brasileiros, sóbrio conseguiria shows nos grandes teatros municipais ao lado de grandes orquestras o acompanhando, sóbrio seria aclamado como o melhor compositor e letrista sem escorregar alguns versos mal colocados e impulsivos. Talvez sóbrio Carlos seria estudante de administração e nunca teria pego num violão. Talvez sóbrio ele jamais teria sua Jazz band paulistana e não jamais gritaria em Mi maior.

Aquele ensaio era para a noitada no Cântico Azul, onde outros mais cinco Carlos se apresentariam com seus organismos reagindo com a variante de uísque, cerveja, vinho e talvez algo mais. O Cântico era um pedaço de New Orleans com um cadinho de Canecão, em São Paulo. A antropofagia que faltava nas ruas paulistanas.

- Ricardo Celestino

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