domingo, 30 de março de 2008

NECESSIDADE DE PROSAR

É complicado...
ia eu colocar aqui uma figura ilustrando um texto descritivo de uma das pessoas mais importantes da minha vida e esse maldito computador não deixa eu abrir uma janela para inserir imagens. Então, decidi escrever qualquer coisa só para falar que escrevi hoje.

Bem, hoje meu dia foi muito complexo, cheio de atividades...
acordei.......... comi........ dormi...... acordei...... comi...... e agora irei dormir logo logo.

Abraços!

- Ricardo Celestino

segunda-feira, 24 de março de 2008

AOS REMOS

Rema rema rema,
que remar não há problema

rema rema rema
até encontrar o que se algema,
até ver que o que se tema
é na verdade um grande tema
disfarçado em bom poema
abolindo o uso do trema,
vendo-se o caos sem lema.

Rema rema rema
Que suar não há problema.

- Ricardo Celestino

quarta-feira, 19 de março de 2008

VIRTUALIDADE


``Eu fiz um esboço do que quero para Finnigans Dublin. Ele terá a minha idade e será tão viciado quanto eu em pornografias virtuais. Irá freqüentar tudo quanto é buteco virtual... dizem que isso não afeta muito o corpo real, então é interessante curtir a vida de algum jeito. Aqui chocolates, lá orgias intermináveis. Espero que não tenha nenhum tipo de monitoria na faculdade. Não será agradável imaginar um casal rindo das minhas infecções virtuais.``


- trecho do livro ``Nightbytes city: O diário de Fontana Kaos.´´



- Ricardo Celestino

sexta-feira, 14 de março de 2008

ADORNO E A CULTURA DE MASSA

Theodor Adorno, filósofo e sociólogo alemão, projetou-se como um dos críticos mais ácidos dos modernos meios de comunicação de massa. Ao exilar-se nos Estados Unidos, entre 1938 e 1946, percebeu que a mídia não se voltava apenas para suprir as horas de lazer ou dar informações aos seus ouvintes ou espectadores, mas fazia parte do que ele chamou de industria cultural. Um imenso maquinismo composto por milhares de aparelhos de transmissão e difusão que visava produzir e reproduzir um clima conformista e dócil na multidão passiva.
Indo para a América

Theodor Adorno (1903-1969)
"A civilização atual a tudo confere um ar de semelhança"M.Horkheimer e T.Adorno – a Indústria Cultural, 1947

Theodor Adorno – cujo centenário de nascimento celebra-se neste 11 de setembro – nascido em Frankfurt, na Alemanha, em 1903, foi daqueles tantos intelectuais, cientistas, artistas, compositores e escritores alemães, que, na década de 1930, por serem de descendência judaica ou por inclinarem-se pelo socialismo, ou ambas as coisas, foram obrigados a emigrar para os Estados Unidos, naquilo que foi, talvez, a maior evasão de cérebros registrada na história contemporânea. Ele pertencia a um grupo de pensadores extremamente sofisticado que fazia parte da famosa Escola de Frankfurt, fundada em 1923, e que fora constrangido a sair do país nos anos seguintes da ascensão do nacional-socialismo ao poder.

É de se imaginar o contentamento dele quando, ainda na Suíça, no outono de 1938, recebeu um inesperado telefonema de Londres do seu particular amigo e parceiro, Max Horkheimer. Era um convite para que ele fosse à América para assumir uma pesquisa a serviço da Universidade de Princeton, a mesma que, em 1933, convidara Albert Einstein para integrar o seu corpo docente.
Tratava-se de um projeto e tanto, pois a Radio Research Projet queria saber tudo sobre os ouvintes norte-americanos. Nova Iorque provocou-lhe uma estranha reação. Chocou-o a convivência dos “palácios colossais...dos grandes cartéis internacionais”, com sombrios edifícios erguidos para os pequenos negócios, formando, no geral, um ar de cidade desolada. Nem mesmo o plano municipal de levar gente a morar nos subúrbios mais afastados, dando as residências um ar de individualidade, o consolou.

A estandartização americana

Para ele, um europeu refinado que passara boa parte da sua vida cultivando a música modernista de Alban Berg e, depois, a de Schönberg e sua atonalidade incidental, a América pareceu-lhe toda igual. Contraditoriamente, o país que mais celebrava e enaltecia a singularidade, a cada um procurar ser algo bem diferente dos demais, não parava de produzir e imprimir tudo idêntico, tudo estandartizado. A imensa rede de atividades que cobria toda a cidade era regida apenas pela ideologia do negócio. Numa sociedade onde as pessoas somente sorriam se ganhavam uma gorjeta, nada escapava das motivações do lucro e do interesse. Aprofundando-se no estudo da mídia norte-americana, entendeu que por detrás daquele aparente caos, onde rádios, filmes, revistas e jornais, atuavam de maneira livre e independente, havia uma espécie de monopólio ideológico cujo objetivo era a domesticação das massas. Quando o cidadão saía do seu serviço e chegava em casa , a mídia não o deixava em paz, bombardeando-o, a ele e à família, com programas de baixo nível, intercalados com anúncios carregados de clichês conformistas, comprometendo-o com a produção e o consumo.

Não se tratava, para ele, de que aqueles sem fim de novelas e shows de auditórios refletissem a vontade das massas, algo autêntico e espontâneo, vindo do meio do povo. Um anseio que os profissionais da mídia apenas procuravam dar corpo, transformando-os diversão e entretenimento. Ao contrário, demonstrava, isso sim, a existência de uma poderosa e influente indústria cultural que, de forma planejada, impingia aos seus consumidores doses cavalares de lugares comuns e banalidades, cujo objetivo era ajudar a reproduzir “o modelo do gigantesco mecanismo econômico” que pressionava sem parar a sociedade como um todo.

Lá, na América, não havia espaço neutro. Não ocorria uma cisão entre a produção e o lazer. Tudo era a mesma coisa, tudo girava em função do grande sistema. Dessa forma, qualquer coisa que causasse reflexão, uma inquietação mais profunda, era imediatamente expelida pela industria cultural como indigesta ou impertinente. Adorno, terminada a Segunda Guerra, voltou para a Europa, para Frankfurt, atarefado em reabria a sua escola de sociologia. Morreu em 1969, arrasado com a humilhação que estudantes ultra-esquerdistas o submeteram, em plena sala de aula, durante a revolta de 1968/9.

extraído de: http://educaterra.terra.com.br/voltaire/cultura/2003/09/08/000.htm
Transubstanciação da Dor e da Perversão
(ou tributo a Jean Genet)

''Só a liberdade pode tomar inteligível uma pessoa em sua totalidade, mostrar essa liberdade em luta contra o destino, primeiro esmagada por suas fatalidades, depois voltando-se contra elas, digerindo-se pouco a pouco (...) prova que o gênio não é o dom, mas a saída que se inventa nos casos desesperados, descobrir a escolha que um escritor faz de si mesmo, da vida e do sentido do universo."

- Jean-Paul Sartre.
Não vejo mudança alguma além da transgressão.
Corrosiva, de acidez clássica
Da beleza terrível
Do mendigo, do enjeitado, do ladrão
Do encarcerado, do pederasta
E a todos de perpétua condenação.

O destino libertário
Entre párias e renegados
Aconselhados ao pecado
O direito de viver.

A voz agônica do excluído
Gritando para o lado escuro da Lua
E aos raios de Sol negros
Pois onde há falsa luz
Há mais amargura.

Das palavras e imagens sem pretensão categórica
Para dar aos viciados um sincero coração
E ir além da imaginação masturbatória
E esconderijos pra fugir da purificação.

O Evangelho transmutado
Descortina um salto de liberdade possível
A demonstração máxima da liberdade humana
É uma infâmia concebível.

Viva a Eucaristia do funesto
Para destruir o costume seleto.

Viva a eutanásia dessa involução
Pois não vejo mudança alguma além da transgressão.
- Erick Martorelli
``No seu mais importante sentido, entendemos por 'sociedade' uma espécie de contextura formada entre todos os homens e na qual uns dependem dos outros, sem exceção; na qual o todo só pode subsistir em virtude da unidade das funções assumidas pelos co-participantes, a cada um dos quais se atribui, em princípio, uma tarefa funcional; e onde todos os indivíduos, por seu turno, estão condicionados, em grande parte, pela sua participação no contexto geral. ``
Max Horkheimer e Theodor W. Adorno
Vale lembrar que por mais inútil que nós somos, algum proveito há de ser utilizado de toda nossa prosa. As reflexões realmente não fritam bifes nem criam curas para doenças, mas podem ser uma ajuda para uma diminuída no assistencialismo humano.
- Ricardo Celestino

quinta-feira, 13 de março de 2008

MEMÓRIAS DE UM TRIÂNGULO ROXO



Trecho da pequenina-novela – e faz-se necessário dizer "pequenina":

Entendam vocês que estão lendo um cara que sabe das coisas. Embora muito já tivesse ouvido falar, conheci Adolf Hitler em uma padaria de Viena, não me lembro exatamente em qual delas. Naquela época éramos adolescentes, mas Adolf não tinha espinhas. E lá estava ele, tristonho em uma mesa, debruçado, balbuciando maldições, imerso em terrível desgraça por não acertar o ponto de um suflê de queijo.

Notem que naquela época eu trabalhava entregando panfletos para as Testemunhas de Jeová e posso afirmar-lhes de maneira categórica que tínhamos uma divisão de cozinheiros, muitos deles especializados em suflês. Eu estava certo de que seu erro era na manteiga e fontes confiabilíssimas comentavam á boca pequena que Adolf, quando deprimido, besuntava-se em gordura vegetal. O motivo era desconhecido.

É sabido que tal problema perdurou no âmago de Adolf Hitler até seus últimos dias. Mesmo em sua mais conhecida obra, Mein Kampf, escrita anos depois do que narro, é possível identificar traços de uma séria inadaptação ao uso de laticínios na cozinha alemã, mais do que isso, um forte desejo de estar nos fogões ao invés de estar no palanque de ditador. Em certo trecho de sua obra podemos ler:

"Quando, nas minhas horas livres, eu recebia lições de culinária na confeitaria de Lambach, tinha a melhor oportunidade de extasiar-me ante as pompas festivas das brilhantíssimas vitrines de restaurante. Assim como meu pai via na posição de pároco de aldeia o ideal na vida, a mim também a situação de cozinheiro pareceu a aspiração mais elevada. Pelo menos temporariamente isso se deu."

Então neste dia, neste fatídico dia em que Adolf Hitler chorava sobre a mesa e menestréis passavam pela calçada, ocorreu-me ajudá-lo de alguma maneira. Posso recordar que entre suas lágrimas e a mesa havia um prato de bolinhos de isca de peixe. Coloquei minhas mãos sobre aqueles ombros e incitei:
- É sabido sobre o seu problema com suflês, homem. É o que se comenta em Viena. Não se desespere, veja, os erros de um bom cozinheiro são revertidos em boas experiências, e os sabores de seus pratos terão o sangue deste sofrimento. O sofrimento do povo germânico, vivendo ele aqui na Áustria ou na Alemanha. A aflição de não saber usar o queijo, a manteiga, o leite, frutos destas tão puras vaquinhas, será compensado quando enfim fores bom cozinheiro, chanceler no manuseio destes produtos.

Permitam-me dizer que naquela época o apelido de Adolf era "Relaxadão". De acordo com observações de Nino Brandemburgo, o mais bagunceiro da classe, a maneira como ele sentava-se fazia jus á anedota.
Muito bem, muito bom, todo relaxadão sentado naquela cadeira, Adolf olhou-me com pesar nos olhos e disse:

-Acho que, bem, só se for alguém muito bom mesmo, o homem, em geral, não se deve ocupar com a produção de suflês antes de sua maioridade. Estou em constante experiência, cavalheiro. Não tenho culpa, não corro eu o perigo de um dia mudar de atitude sobre questões essenciais. Será eterna a minha paixão com o Pão Ázimo, por exemplo. Meio copo de azeite e temos a maravilha da cozinha judaica. A propósito, deliciosos estes bolinhos de isca...
- Mas cavalheiro, porque choras então? Porque os soluços? Serão falsos os boatos sobre sua incapacidade culinária?
- Ora, ora, acontece que aos meus suflês falta espírito, entende? Espírito! Qualquer essência, faltam-lhe isto.

- Eu achava que faltava manteiga! Ó, quão precipitadas foram as minhas conclusões.

Neste instante, Adolf Hitler, o Relaxadão, salta da cadeira de maneira abrupta, toca-me os cabelos e com empolgação (e certa força) beija-me no rosto. Engasgando com as próprias palavras, eloqüente e tomado por incrível ânimo (digno de seus posteriores discursos) diz a mim as seguintes palavras:

- Manteiga! Manteiga! Falta-me Manteiga! Este é o espírito meu caro cavalheiro, a manteiga! Colhida do puro leite das vacas de nossos bosques. O leite e os fabricantes de laticínio da Alemanha deverão continuar a ser no mundo estimados pela sua beleza e sabor, inspirando-nos a um ânimo nobre! Cavalheiro, sou eternamente grato a ti e a todas as coisas que me disse. No erro de um suflê, alí há o sangue sofrido deste povo. Estas sublimes tetas de nossas vacas, por anos humilhadas e colhidas em baldes imundos de povos estrangeiros, de povos ciganos.

Adolf toma neste instante uma expressão preocupada, como se uma dúvida houvesse acabado de chegar á sua cabeça. Senta novamente á mesa com o olhar fixo em algum horizonte o qual não alcancei. Nino Brandemburgo em seu livro (nunca publicado) "Relaxadão: Os segredos de um Hitler que eu, eu Nino Branbemburgo, conheci", cita-nos de maneira interessante que "Relaxadão estava sempre a vislumbrar qualquer horizonte inexistente, o que segundo Lothar Pirulito (seu melhor amigo durante a fase da alfabetização) dizia se tratar de "um devaneio sobre a vívida seara imaginária que ele carregava em seu âmago"."

Bem, naquela época não tive acesso aos manuscritos do Sr. Brandemburgo, desta maneira, não informado sobre a vívida seara imaginária, questionei Adolf sobre aquele brusco pesar que tomou-lhe o olhar. Ao terminar de ouvir minha indagação seus olhos marejaram enquanto descrente replicava:

- Cavalheiro, note, e quanto aos porcos?

"Porcos?" questionei sem entender:

- Sim cavalheiro, e quanto aos porcos? Campestres suínos de nossa gentil pátria alemã. Nossos leitões assados em cerveja, lombinhos com alho temperado, costeletas salpicadas de salsa e dispostas sobre batatas, nosso Fricadele que banha pãezinhos tão saborosos!

E então me veio á cabeça que na cozinha experimental de Hemmerman, a Testemunha de Jeová Vegetariana, havia uma placa disposta sobre os fogões dizendo "Não comam porcos e nem usem seus rabos como adorno". Intriguei-me com a situação e indaguei o futuro ditador sobre "o problema dos porquinhos", no que ele me respondeu tão eloqüente quanto estava quando falávamos de bovinos:

- Há quem os rejeite?

- Veja cavalheiro, é sabido que Joseph Hemmerman e Laureana Polvilhão, ambos membros da ala vegetariana das Testemunhas de Jeová, rejeitam a idéia de que porcos devam ser consumidos como iguaria. É sabido também que judeus são proibidos de consumirem sua carne e...

- Também os judeus são proibidos?

- Sim, é o que dizem.

- E por qual motivo?

- Talvez pelas unhas fendidas e os cascos divididos ao meio. Talvez pelo rabo e...

- O que o ponto de vista judeu vê na estrutura biológica suína?

Neste momento passei a roer as unhas e a fitá-las de maneira desafiadora, enquanto continuava a falar com Relaxadão, a fim de me despedir:

- Cavalheiro, me seria útil discorrer sobre a proibição da carne suína aos descendentes de Moisés, Salomão, o que o valha, mas de todo modo preciso partir, ainda tenho uma porção de publicações para distribuir e é melhor que eu me apresse antes desta terrível chuva que se aproxima. Não te preocupes Adolf com a rejeição de nossas salsichas, são elas a marca de nosso povo de modo que não deveriam estar presentes em outras culinárias, compreende?

Aqui eu volto a olhar para a mesa e percebo que Adolf não está mais lá. O trepidar da porta me faz entender que saíra de forma brusca. Então, paguei por sua conta ao simpático rapaz do balcão e segui com os meus afazeres daquele dia. Foi uma tarde chuvosa em Viena, e mesmo por entre becos úmidos e seus abrigos nunca mais naquela cidade vi Adolf Hitler.
- Rennan Martens
=)

...



E duas cabeças viciadas em Quentin Tarantino pensam em fazer algo com a Revolta da Vacina.