sexta-feira, 29 de maio de 2009

FECHANDO O VERÃO... - CANÇÕES DO DESESPERO



Águas de Março
Tom Jobim


É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é um laço, é o anzol

É peroba do campo, é o nó da madeira
Caingá, candeia, é o MatitaPereira
É madeira de vento, tombo da ribanceira
É o mistério profundo, é o queira ou não queira

É o vento ventando, é o fim da ladeira

É a viga, é o vão, festa da cumeeira
É a chuva chovendo, é conversa ribeira
Das águas de março, é o fim da canseira

É o pé, é o chão, é a marcha estradeira
Passarinho na mão, pedra de atiradeira
É uma ave no céu, é uma ave no chão
É um regato, é uma fonte, é um pedaço de pão

É o fundo do poço, é o fim do caminho
No rosto o desgosto, é um pouco sozinho
É um estrepe, é um prego, é uma ponta, é um ponto
É um pingo pingando, é uma conta, é um conto

É um peixe, é um gesto, é uma prata brilhando
É a luz da manhã, é o tijolo chegando
É a lenha, é o dia, é o fim da picada
É a garrafa de cana, o estilhaço na estrada

É o projeto da casa, é o corpo na cama
É o carro enguiçado, é a lama, é a lama
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um resto de mato, na luz da manhã

São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração

É uma cobra, é um pau, é João, é José
É um espinho na mão, é um corte no pé

São as águas de março fechando o verão,
É a promessa de vida no teu coração

É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um belo horizonte, é uma febre terçã

São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração
pau, pedra, fim, caminho
resto, toco, pouco, sozinho
caco, vidro, vida, sol, noite, morte, laço, anzol

São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração.


Nada será como antes

Milton Nascimento & Ronaldo Bastos

Eu já estou com o pé nessa estrada
Qualquer dia a gente se vê
Sei que nada será como antes, amanhã
Que notícias me dão dos amigos
Que notícias me dão de você
Sei que nada será como está
Amanhã ou depois de amanhã
Existindo na boca da noite um gosto de sol
Num domingo qualquer, qualquer hora
Ventania em qualquer direção
Sei que nada será como antes, amanhã


O Mundo É Um Moinho

Cartola

Ainda é cedo amor
Mal começaste a conhecer a vida
Já anuncias a hora da partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar

Preste atenção querida
Embora saiba que estás resolvida
Em cada esquina cai um pouco a tua vida
Em pouco tempo não serás mais o que és

Ouça-me bem amor
Preste atenção, o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos
Vai reduzir as ilusões à pó.

Preste atenção querida
De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás a beira do abismo
Abismo que cavaste com teus pés



O MUNDO É UM MOINHO... UM MOINHO... UM MOINHO... QUE TE REDUZ A PÓ!

Ricardo Celestino

quarta-feira, 27 de maio de 2009

SOCIEDADE ALEGRIA (MALDITA QUEDA ELETROPAULO)

Certo,

acabei de compor a melhor crítica do universo e a luz acabou.

MALDITA TECNOLOGIA FILHA DO INFERNO! MALDITO COMPUTADOR! MALDITO BILL! VÁÁÁÁÁ!


Enfim, falava sobre o blog do menino Erick, ÓVEIPA, escrevi um texto grande, todo cheio de fru fru fru, e aí, PUFF!

Agora também, se vocês quiserem saber o que eu havia pensado sobre o post do menino vou soltar umas palavras-chave:

1 - livre arbítrio.

2 - sociedade.

3 - a insustentável leveza do ser (se não leram, por favor!)

- Ricardo Celestino (aguardando a próxima queda de energia)

terça-feira, 26 de maio de 2009

BITCHES BREW

E ela foi saindo tão leve, tão natural
E seus sopros, seus sonetos metálicos,
Tão breve, tão sensual,
A eloqüência de seu verso de rimas tão ricas,
Tudo tão perfeito quanto Cabral.

Foi surgindo em balaiadas de arpejos,
Dissonantes de oitavas e quartas,
O improviso de um sensitivo,
De um sentimento, de uma emoção.

Quantas notas, da leveza do mar,
Da dureza das ruas, do Sol queimando-lhe o rosto
Aqui e lá.

E vem mais, mais metais e mais versos,
Mais rimas, mais vozes,
E a solidão acompanhando cada som metálico
Provando que a multidão são pequenos navios apressados.

- Ricardo Celestino ouvindo Miles Davis - Round Midnight

segunda-feira, 25 de maio de 2009

OLHOS NOS OLHOS, E UMA VONTADE GIGANTESCA DE SER CHICO BUARQUE...

DESNECESSARIAMENTE DISTANTE

E mesmo tudo sendo sem sentido,
Eu encontro em uma sombra uma rota,
Um caminho,
Que me guia ao que sonhos levarão.

Amar você é desfrutar subjetividades,
Nas objetividades do mundo moderno.
Amar você é eternizar-se no agora
E futurizar um bom presságio
Eternamente ao seu lado.

E o que dizer do passado,
Se amar você é uma história, dia-a-dia.

Se dissessem que nada vale a pena,
Eu diria que tudo vale mais a pena
Sabendo que hoje estou com você.

- Ricardo Celestino

E de pouquinho em pouquinho a gente vai dando um jeito de ficar NECESSARIAMENTE JUNTOS, e de repente todo mundo vai falar CARAAAAALHO, ESSE CARA É LOUCO!, ou quem sabe PO, EU JÁ SABIA, E QUEM É QUE NÃO SABIA?, mas no fim, é mais uma PA acontecendo no mundo.

Mas digamos que é a PA mais perfeita e sincera do mundo!

- Ricardo Celestino

sexta-feira, 22 de maio de 2009

AMOR FINADO

Sinto muito amor,
Não conseguir anunciar minha partida,
É que você já fez tão bem a minha vida,
Que não sei qual serás a minha dor.

Ainda bem que vês,
Que minha vida não anda assim tão decidida,
Que se dedico o sol a sol a estas bebidas,
É que já não sei mais o que fui e o que tu és.

Lembra bem querida,
De nossas brincadeiras e de nossas alegrias vivas,
Por que viver desta imagem indecisa
É desviver todos os sonhos de nossas vidas.

Ainda bem que na noite escura ainda tenho companhia,
Mesmo sabendo que a corda se afina
E que de tão fino um dia tende a estourar.


- Ricardo Celestino

(pensando em um roteiro que acabei de ler pela manhã)

quinta-feira, 21 de maio de 2009

UM POUCO DE PUNK ROCK EM NOSSAS VIDAS

Hoje acordei com vontade gigantesca de escutar Ramones, então, gostaria de desejar a todos um bom punk rock no dia de hoje.

Escutem Ramones, Damned, Buzzcocks, Clash, Stiff Little Fingers, Vibrators, New York Dolls (embora não seja punk anda junto), MC5 (idem), e aí, quando enjoar, voltem a falar de violão, São Paulo, amor, tédio, raiva, euforia, angústia, e MPB.

Será que uma coisa se assemelha a outra? Ou eu preciso realmente dividir-me. Hoje estou de moicano, amanhã de terno, gravata e óculos a lá João Gilberto, hoje eu me fantasio de travesti e amanhã sou apreciador de pianos bem tocados.

Acho que na realidade, nós somos uma grande tropicália. O Brasil é uma grande tropicália, vai de Carlinhos Brown à Iron Maiden facilmente, todos os dias, talvez na mesma sequência no Media Player. E aí, um leitor atento falaria, cassete! Você critica a virada cultural por misturar rondó com forró e fala que o Brasil é naturalmente um rondó e um forró?

É, sei lá, eu acho que existem influências tropicalistas alienantes nessa vida. Cada um tem que saber o tropicalismo que lhe toque e lhe desenvolva. Talvez você escutando Ramones seguido de João Gilberto dê muitas náuseas, mas conheço muita gente que aceita um Joy Division seguido de Vomito Negro, Prodigy e coisas que não me descem muito bem.

Já que estamos na era moderna, o tropicalismo é facilmente realizável no nosso quarto, no nosso computador. O problema é quando estamos concentrados demais em digitar, em ler besteiras e toda aquela informação não é mais cultural, é um simples som ambiente, um nada passando por aí. Tal como na Belle Epòque...

Direto do túnel do tempo, o Brasil e o mundo regredindo... regredindo... mas ao mesmo tempo evoluindo... evoluindo... é o tropicalismo. É o barraco sem número identificado por um condomínio fechado logo ao lado.

Tropicalismo, de Ramones à virada cultural, à fome, à miséria...

E daí eu questiono, se virada é realmente cultural, por que uma noite de zumbis e não um catso de sessão de Cinema Novo? Eu estou louco para assistir Cinco Vezes Favela e parece impossível de se achar esse filme.


- Ricardo Celestino

quarta-feira, 20 de maio de 2009

MINHAS PRIMAS E MEUS FIÉIS

Parecem que combinam em sentir as mesmas fés,
Proclamando o mesmo canto em todos os bordéis,
Vivem minhas primas, junto de teus fiéis,
E eles te gorjetam com notas de papéis.

Aparecem na paróquia, vestindo a batina,
E deixam a safadeza para ali daquela esquina,
Pescam os olhares dos garotos e das meninas,
E diz que é errado suspirar por minhas primas.

Dançam quando o sol é só uma lamparina,
Aproveitam que outros fiéis foram dar uma dormidinha,
E descansam bem ali, ao lado de minhas primas.