segunda-feira, 28 de abril de 2008

- Diego Garcia

Um passeio subjetivo pela cidade de São Paulo e uma tentativa de não ser só mais um clichê dos modernos.

Um trabalho de Diego Garcia ilustrado por alguns rabiscos de Ricardo Celestino.


- Ricardo Celestino

sexta-feira, 25 de abril de 2008

NÃO SE FAZEM DIAS COMO AQUELE DIA...

Bem, hoje irei escrever algo fugindo um pouco do padrão literário e crítico, mas para quem me conhece sabe que as bases de toda minha parole estão relacionadas a esse assunto...
como irei estar afastado dos computadores amanhã, decidi postar hoje o que já a muito venho exteriorizando com risos, palavras, caras...

dia 26/04/07 - Depois de teus olhos de gota tanto me observarem, e depois de uma guerra incessante de mim comigo mesmo, acabei embarcando em tua Highway, e vc mergulhou de cabeça e de roupa e tudo dentro dos meus sentimentos. O que transparece aos outros como um simples rondó para mover esqueletos, na verdade é uma sofisticada canção de jazz, e nossos ouvidos sensíveis captam o que ninguém jamais captou. Apenas juntos...

Uma das canções que marcaram esse dia:

When your heart is black and broken
And you need a helping hand
When you're so much in love
You don't know just how much you can stand
When your questions go unanswered
And the silence is killing you
Take my hand baby, I'm your man
I got love enough for two

Ten storey love song
I built this thing for you
Who can take you any higher
Than twin peak mountain blue?
Oh well, I built this thing for you
And I love you true

There's no sure fire set solution
No short cut through the trees
No breach in the wall
That they put there
To keep me from you

As you're lying awake in the darkness
This everlasting night
Someday soon
Don't know where or when
You're gonna wake up and see the light

Ten storey love song
I built this thing for you
Who can take you any higher
Than twin peak mountain blue?
Oh well, I built this thing for you
And I love you true

Dia 25/04/08 - E hoje completa quase um ano, na ausência de um dia, e nossa música há de cantar e preencher-nos sempre que necessário. Sei lá, algo como um punk rock muito brega, ou um sertanejo de moicano e calça rasgada... mas ela sempre vai estar presente na forma de abraços, beijos, choros ou sorrisos...

Amoo tu, como nunca amei ninguém menina cabeçuda! E você tem preenchido aqueles vãos de imperfeição que fazem com que eu queira avançar.

thanx!!!

I love you true!

terça-feira, 22 de abril de 2008

EPOPÉIA DA BURGUESIA - EM BREVE UM RESUMO CIENTÍFICO

busca-se o tesouro que é o próprio ego,

uma identidade que é um intertexto de grandes histórias,
formam a maior epopéia do universo.

- Ricardo Celestino

sexta-feira, 18 de abril de 2008

O USO DE DROGAS...

JC - Hoje, a educação concernente a drogas é uma educação contra drogas. Que tipo de educação você acha que devemos adotar para usufruirmos as drogas eficientemente?

Henrique Carneiro: esta é uma questão central. Devemos adotar em relação às drogas não um discurso erradicador e abstensionista puro. O ´just say no´ é uma atitude completamente inviável, porque há uma curiosidade natural das pessoas em conhecer os efeitos das drogas.

Todas as instituições deveriam incentivar os jovens não a ser ´´virgens eternos´´ em relação ao uso destas substâncias, mas sim a conhecê-las em sua imensa gama e nos riscos e benefícios do que cada uma pode trazer. A partir daí, eles escolheriam usá-las ou não, em última instância em função de sua liberdade de escolha. É um direito, assim como fazer alpinismo.

O ideal é um processo educacional em que as pessoas pudessem consumir drogas como parte da iniciação à vida adulta, mas tendo um critério de conhecimento pleno. Ocorreria a substituição do ´just say no´ pelo ´just say know´.

[MATÉRIA EXTRAÍDA DO JORNAL DO CAMPUS. ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES, Universidade de São Paulo, Segunda quinzena de abril de 2008 - NÚMERO 336, ANO 26.]

O uso de drogas psicodélicas é, sob qualquer pretexto, considerado nocivo pela propaganda governamental. Para Henrique Carneiro, autor de seis livros sobre drogas e professr titular do Departamento de História da USP desde 2003, a solução para combater os malefícios do uso destas substâncias não é adotar o discurso de abstenção total, mas sim educar os jovens para que eles desfrutem delas, cientes de seus malefícios. Todas as instituições sociais, da família à escola, devem se envolver no processo de abertura não das portas da percepção, como das do diálogo.


Posto essa matéria com o intuito de estimular uma reflexão a cerca do uso drogas no Brasil. Bem, inicialmente, penso que o Brasil é um país gigantesco e tudo que se pensa para ele, deve-se pensar em toda a sua extensão de norte a sul, de leste a oeste. Henrique Carneiro tem uma brilhante tese sobre como a droga deve ser legalizada, mas ele parte de um princípio ideal, impraticável em São Paulo, quanto mais no Brasil.

Bem, e por que impraticável? Seria o caso de observarmos como se dá o uso de uma substância lícita hoje em dia, o álcool. Podemos afirmar que o álcool é utilizado de forma consciente? Não estou fazendo aqui uma apologia à censura das substâncias químicas, aliás concordo bastante com o que Henrique Carneiro defende, no entanto eu interpreto sua tese como uma utopia que é ótima de ser lida e conhecida, em resumo, um Karl Marx, um Lênin, que na prática acaba gerando resultados que fogem do controle.

Me penduro nas costas do velhinho Paulo Freire para afirmar, com as minhas palavras mas com as idéias do pedagogo, de que é impossível de se pensar em uma lei, uma estrutura ou uma idéia que sirva para todas as extensões brasileiras. As mudanças devem surgir em escala regional, e aí eu me apoio a Henrique Carneiro e afirmo que não deve haver intromissão de igreja, nem de governo, nem de nada quanto às mudanças naturais que ocorrem na sociedade, pois não adiantou nada a igreja posicionar-se contra o uso da camisinha, contra a terra ser redonda, contra o renascimento... as coisas acontecem como devem acontecer. Não devemos forçar nem daqui, nem dali.

E bem... vamos tomar cuidado com o excesso de partidarismos...

Sem mais.

Ricardo Celestino

quinta-feira, 17 de abril de 2008

OREBILOSSEC

1...2...3...

caminhando

1...2...3...

parando

1...2...3...

vivendo

E as leis físicas dominam meus instintos,
Mas as leis físicas não dominam meu coração.

1...2...3...

vivendo

1...2...3...

caminhando parando

1...2...3...

vivendo caminhando

1...2...3...

parando parando

1...2...3...

E as físicas dominam as leis instintos meus,
Físicas leis meu coração mas não as dominam.

1...2...3...

vivendo caminhando vivendo

1..vivendo...3...

caminhando 2 parando

1...
caminhando
2...
vivendo
3...
parado

- Ricardo Celestino

UM POUCO DE FOUCAULT - UMA REFLEXÃO DE ROSA MAIRA BUENO FISCHER

Procurei, neste artigo, expor a teoria de Foucault sobre o discurso, demonstrando
de que modo o autor ensina aos pesquisadores um modo de investigar
não .o que está por trás. dos textos e documentos, nem .o que se queria
dizer. com aquilo, mas sim descrever quais são as condições de existência de um
determinado discurso, enunciado ou conjunto de enunciados. Suspendendo continuidades,
acolhendo cada momento do discurso e tratando-o no jogo de rela-
ções em que está imerso, é possível levantar um conjunto de enunciados efetivos,
em sua singularidade de acontecimentos raros, dispersos e dispersivos e indagar:
afinal, por que essa singularidade acontece ali, naquele lugar, e não em outras
condições?
Em síntese, partindo de que não se pode falar de qualquer coisa em qualquer
época, o que afirmei, a partir de Foucault, é que um determinado objeto
(como o conjunto de enunciações sobre a professora dadivosa ou a adolescente
virgem) existe sob condições .positivas., na dinâmica de um feixe de relações, e
que há condições de aparecimento histórico de um determinado discurso, relativas
às formações não discursivas (instituições, processos sociais e econômicos).
Tudo isso pode ser aprendido e descrito a partir dos próprios textos; a partir deles,
é possível destacar as regras pelas quais o jogo de relações entre o discursivo e o
não discursivo, em uma determinada época, fazem aparecer aquele objeto, e não
outro, como objeto de poder e saber (o objeto virgindade adolescente, o objeto
professora missionária, ou ainda o objeto mulher jovem de 40 anos, conforme os
exemplos citados).
A compreensão da temporalidade dos discursos, como vimos aqui, talvez
possa deixar um pouco mais clara a preocupação de Foucault com a .raridade. não
só dos enunciados, mas dos próprios fatos humanos. Essa atenção ao que poderia
ser .outro. é básica para o arqueologista. O historiador Paul Veyne explica que a
afirmação de que os fatos humanos são raros significa, no pensamento foucaultiano,
que eles:
222 Cadernos de Pesquisa, n. 114, novembro/ 2001
...não estão instalados na plenitude da razão, há um vazio em torno deles para
outros fatos que o nosso saber nem imagina; pois o que é poderia ser diferente; os
fatos humanos são arbitrários, no sentido de Mauss, não são óbvios, no entanto
parecem tão evidentes aos olhos dos contemporâneos e mesmo de seus historiadores
que nem uns nem outros sequer o percebem. (Veyne, 1982, p.152, grifos
meus)
O convite de Foucault é que, através da investigação dos discursos, nos
defrontemos com nossa história ou nosso passado, aceitando pensar de outra
forma o agora que nós é tão evidente. Assim, libertamo-nos do presente e nos
instalamos quase num futuro, numa perspectiva de transformação de nós mesmos.
Nós e nossa vida, essa real possibilidade de sermos, quem sabe um dia,
obras de arte.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

UMA PIMENTA AO MANIFESTO OU REFLEXÕES SOBRE MARÉ, A NOSSA HISTÓRIA DE AMOR


Bem, vou esquecer a introdução com “Olá, Ricardo...” pois nossa relação é muito mais que troca de posts e respostas. É algo alcoólico e real... então vamos logo ao que interessa.

Ontem fui a Cinemateca e assisti “Maré, A Nossa História de Amor”. Digo que o filme em si é uma droga, uma porra de um porre de vinho Chapinha. É um musical baseado em Romeo e Julieta, ocorre na periferia do Rio. Na favela da Maré. A nossa Julieta é filha de um traficante. O nosso Romeo irmão de outro. Um amor impossível, unido pela música e pela dança.

Eu já esperava que fosse um filme terrível sim, fui com a intenção de ver o debate no final da sessão. O debate foi técnico, sobre fotografia e câmera. Bom para entender de algo que sou completamente leigo.

Lá estava um rapaz “infiltrado” no público. Morador da favela Maré. Ele ficou decepcionado com o filme, esperava que mostrassem as partes positivas da favela, pelo menos a realidade de lá. “É um filme ficcional. É uma fantasia, a intenção não é mostrar isso”. Logo respondeu o diretor de fotografia.

Concordo, a intenção do filme é mostrar o amor entre os dois personagens principais. Não há a obrigação de mostrar nada, além disso. O cenário é a favela e a junção dos personagens é o centro de toda a história.

Aí que está. O filme utiliza-se, como tantos filmes atuais, a cosmeticação da pobreza e da fome. A garotada dançando feliz de um lado para o outro. Claro que eles tem direito à felicidade. Mas não vejo pontos de mudança nisso.

A função do artista é mostrar a merda e não apontar a mudança. Incentivar a mudança. Montar uma crítica, fazer a galera pensar. Sim, a arte cria modificações e influencia o povo. E, infelizmente, o que vemos é uma idiotização onde o responsável é a tele-novela e filmes como esse.

Não vejo mudança em glorificar personagens como Glauber e Chico. É necessário sentir inspiração por revolucinários, mas suas obras pouco dizem hoje em dia, na nossa realidade. Talvez seja necessário utilizar Glauber, ou somente suas estéticas. Mas lembre-se que para criar o novo é preciso destruir o velho. “Viva a Eucaristia do funesto para destruir o costume seleto”. Destruir, não. Quis dizer mastigá-lo, ingeri-lo e transformá-lo em influência. Porém, a partir do momento que essa paixão torna-se a principal inspiração, não há mudança.

O que se vê no cinema hoje é um ufanismo à favela e a crítica a “zona sul”. Culpando os usuários pelo armamento da favela, que hip hop é melhor que balé, carregar uma arma é legal etc. É apenas uma troca de papéis. Inclusão dos menos privilegiados ao meio burguês, um pensamento de massa hipócrita.

Onde estão os artistas? Será que estão muito ocupados com resenhas e propagandas do McDonald’s? “O preço do conformismo será a aniquilação da humanidade, e – às vésperas de um apocalipse – existe uma verdadeira escassez de idéias que apontem uma saída”.
Estou cansado de filmes que são novelas de duas horas. Estou cansado da Globo Filmes. Estou cansado. “É preciso vencer essa inércia, e essa paralisia, esse medo de termos idéias, posto que antes de modificar o mundo, uma idéia modifica quem a teve. Abandonar as certezas e aceitar o risco do mistério onde tudo é incerto”.

Volto agora para a Cinemateca. A decepção do morador da Maré. O cara que não pode passar pela “Faixa de Gaza” senão cortam sua cabeça como exemplo aos outros. Ele não deveria estar feliz de ver um filme assim gravado onde ele nasceu? Não. Claro que não. E não estava. Sabe que tudo aquilo não passa de baboseira. Merda burguesa, um olhar classemédiano da periferia. É legal só para quem não é de lá. Só para quem não precisa ficar deitado em baixo da cama para fugir de balas, não apanhar da polícia...

Fora isso. O filme é terrível em tudo. A história é fraca. As músicas são terríveis. Os diálogos preconceituosos e o final shakesperiano não me comoveram, tive que me esforçar para não iniciar uma frenética gargalhada.

O que quero dizer é, há falta de idéias. Há apenas criações comerciais. Não há diferença entre a prostituição e diretores de filmes assim. Há apenas uma. As prostitutas e os michês são sinceros.


- Erick Martorelli


Aí eu pretendo apimentar um pouco essa discussão...

Assistam, ou procurem se informar sobre Orfeu da Conceição de Vinícius de Moraes e teremos uma mitologia grega transportada para as favelas do Rio de Janeiro. Com o filme criticado pelo Neobrazillix temos William Shakespeare transportado para as favelas. Pelo amor... é exatamente isso que nos irrita!

Vinícius de Moraes foi fantástico, o melhor em sua época. E mostrar que na favela também existiam pessoas que tinham a capacidade de se apaixonar foi algo chocante (para a época). É o que acontece hoje quando nos deparamos com o modernismo e sentimos dificuldade em entender por que aquilo é tão crítico e agressor (refiro-me às artes visuais), por exemplo, e esse exemplo eu sempre gosto de utilizar quando falo de modernismo, o mictório exposto e assinado. Hoje em dia tem milhares de babacas que expõem as cuecas falando que é arte, sem apresentar um propósito estético que não se diferencia dos grandes de 1922. E eis que surge um filme com as mesmas intenções de Vinícius de Moraes, só que num período em que esse tipo de discurso já tá pra lá de passado e batido. Valha-me Deus!

Pois é... em tempos de Baudelaire-chique, causar impressão talvez seja observar as coisas com certa objetividade e tentar o máximo possível não ser ideológico. Esses filmes fedem a ideologia, cheiram mal... com certeza que cheiram. De um lado REDE GLOBO, do outro A FAVELA COMO ELA É. Se tua intenção é desenvolver um diálogo, mostre a partir de qual foco esse diálogo foi desenvolvido. Sejamos claros. Agora, não me venha com essa de que tua obra expressa o amor da favela, os corações de dois jovens reprimidos pelo crime do submundo. A verdade é que o filme expressa uma opinião e se sustenta numa realidade que não desfruta da mesma opinião infelizmente.

``É mais fácil jogar lixo em quem já está sujo do que cagar nos pés de quem tá limpo.``

Agora, uma breve reflexão sobre o título do filme, e aí dou brecha a novas apimentadas nas postagens futuras: Maré, NOSSA história de amor.

Reflitamos uns segundos a respeito da primeira pessoa do plural e posso dizer que eu não estou incluído nessa história, alguém aí está?

Sem mais.


- Ricardo Celestino