sexta-feira, 7 de março de 2008

EU PREFIRO O SONO...

Escrever sobre o tédio hoje seria uma coisa muito artificializada... com as minhas pálpebras do jeito que estão, fica completamente impossível eu escrever sobre qualquer outro sentimento que não seja o sono que me acomete. Aliás, hoje em dia minha preferência ao sono tem sido muito maior que qualquer outra coisa. Nunca almejei tanto uma cama e boas vinte horas ibernadas.

Bem, estive a vasculhar o blog de um escritor recente chamado Santiago Nazarian... me chamou atenção!, mas é o máximo que consigo refletir sobre esse escritor ainda. Não farei nenhum juízo de valor sobre tua obra mesmo por que ela não trata sobre o sono e também ainda não a conheço. Vi que ele é bem conceituado em algumas revistas, e que também gosta de cutucar os outros... isso é, bem, não adjetivado ainda rs...

Eu só digo que cutucar exige muito conhecimento e mais ainda coragem. Se ele sabe mesclar essas duas coisas e tiver a ousadia de um bêbado nu em frente a um convento de freiras sessentistas... mas enfim... sono! SONO! Fica completamente impossível escrever quando essa maldição lhe acomete as pálpebras...

Alguém já percebeu que quando você sente sono sua cabeça fica mais abobalhada? Nada pessoal, é só alguns pontos que preciso colocar para um autocontentamento. Aliás, a chance de escrever bobagens quando se está com sono é ainda maior... preferível seria parar por aqui... aliás, o ideal.

Então é isso... queria agradecer as pálpebras enjoadas de vocês e dizer que irei dormir... ops... trabalhar. rs.. quem me dera ter realmente o luxo de tirar uma soneca no trabalho.

=)

= Ricardo Celestino

quinta-feira, 6 de março de 2008

GUIMARÃES ROSA – 100 ANOS

A PUC SP inicia suas atividades acadêmicas com uma justa homenagem ao escritor Guimarães Rosa, em comemoração ao centenário de seu nascimento. Homenagem à genialidade, à criatividade, à visão crítica sempre presente em suas obras. O TUCA – espaço de cultura da PUC - recebe, nos dias 11, 12 e 13 de março, estudiosos de Literatura, pesquisadores e artistas que têm a obra de Guimarães como fonte de criação para seus trabalhos.Além da exposição de pesquisas em palestras e debates, haverá a presença de contadores de histórias, músicos, grupos de teatro, bordadeiras de Minas Gerais e de S.Paulo para trazer para o público um pouco da magia de Guimarães.


Programação


11 de março

9h30 – 12h00


Abertura oficial – Vice Reitoria Acadêmica
José Mindlin – Encontro com o escritor. Histórias de livros.
Beatriz Berrini – O sertão brasileiro na savana moçambicana
Francisco Papaterra apresenta os textos:

Canção de Siruiz (Grande Sertão:Veredas) A 3ª. Margem do Rio (Primeiras Estórias)

14h00 – 18h00


DIVERSIDADE DE OLHARES NA OBRA ROSEANA

Coord. - M. Aparecida JunqueiraAlunos e professores da PUCSP apresentam seus trabalhos de Criação, Iniciação Científica, mestrado e Doutorado sobre a obra roseana.Programação detalhada a ser divulgada.

19h30

CANTANDO GUIMARÃES
Jean e Joana Garfunkel apresentam músicas inspiradas nos contos do escritor.
CONTAÇÃO DE ESTÓRIAS
Tudo era uma Vez e Miguilim contam Guimarães
(Dôra Guimarães e Elisa de Almeida, contadoras de estórias do Grupo Tudo Era Uma Vez de Belo Horizonte, e Tiago Goulart, do Grupo Miguilim de Cordisburgo, apresentando contos de Guimarães).

12 de março

9h30

Sandra Vasconcelos - A formação de um escritor: Guimarães Rosa no Instituto de Estudos Brasileiros.
José Osvaldo dos Santos (Brasinha) – Personagens e Lugares: Ficção ou Realidade?
Maria José Gordo Palo – O imaginário no realismo de Guimarães Rosa.

15h00

Contadores de Estórias de Minas (repetição do programa de 11/2) ingressos para escolas e público em geral.
20h00“A Hora e Vez do Augusto Matraga” Francisco Papaterra Limongi e filhos apresentam o conto do livro Sagarana.

13 de março

20h00

– Peça de teatro MULHERES DE ROSAAtores, formados no Curso de Artes do Corpo da PUCSP apresentam Monólogos extraídos da obra de Guimarães. Direção José Rubens Siqueira
EXPOSIÇÕES

Saguão do TUCARENA

Grupo Teia de Aranha A partir da obra do escritor, o grupo cria representações em bordado. Desenvolve oficinas de bordado em cidades mineiras como Cordisburgo, Morro da Garça, Andrequicé e no estado de São Paulo.
Painel inspirado no Grande Sertão:Veredas: 5 painéis de 1 mt. X 6 mts.
Painéis menores - inspirados nos contos “Buriti”, “Estória de Lélio e Lina”, “Miguilim”, “Sorôco”,
Mapa do Coração - desenho realizado pelo escritor e oferecido à sua esposa Aracy
Memória viva do sertão Retratos fotográficos e registros em áudio de narrativas de vida de pessoas do sertão roseano. Beth Ziani – pesquisadora e doutoranda/USP
Meninos quietos Brinquedos e brincadeiras das crianças do sertão de Minas Gerais e presentes na obra de Guimarães Rosa .Selma Maria – pesquisadora e arte-educadora
Apresentação dos participantes
Beatriz Berrini, professora do programa de Pós Graduação em Literatura e Crítica Literária da PUCSP, onde ministra neste semestre um curso especial sobre Guimarães. Organizou a publicação .....
José Mindlin, bibliófilo, com a maior Biblioteca particular do Brasil, possui coleções raríssimas de diversos autores, entre eles os primeiros exemplares dos livros do escritor Guimarães Rosa.
Vera Tess, neta da Da. Aracy Guimarães Rosa, escreveu “Ó, ó, ó do vovô” a partir dos cartões postais que o escritor e a sua avó enviavam de suas viagens.
Francisco Papaterra, contador de estórias, conhecedor da obra de Guimarães, cujos contos narra de modo especial. Já se apresentou em diversos espaços de S.Paulo e Minas Gerais.
Jean Garfunkel, violonista, compositor de músicas de MPB, pesquisador de músicas folclóricas, contador de estórias e autor de músicas inspiradas de diversos escritores, como Guimarães Rosa.
Joana Garfunkel, cantora, contadora de estórias, pesquisadora da obra Roseana.
Dôra Guimarães e Elisa de Almeida, contadoras de estórias com apresentação por todo o Brasil e em Portugal. Professoras:. do Grupo Miguilim, contadores de estórias de Cordisburgo/MG, terra do escritor Guimarães Rosa; . de contadores de estórias de diversas cidades do Circuito Literário Guimarães Rosa em Minas Gerais . de Oficinas de Conta Contos em todo o Brasil
Tiago Goulart, estudante, contador de estórias do grupo Miguilim, desde a sua formação em 1995.
Cida Junqueira, coordenadora do Programa de Pós Graduação de Literatura e Cr[itica Literária ......
Sandra Guardini T.Vasconcelos, professora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP; autora de diversos artigos publicados nas Revistas e Jornais da USP; autora do livro “Puras Misturas” que fala do conto Uma Estória de Amor, do livro “Manuelzão e Miguilim”. Curadora do arquivo de Guimarães Rosa no IEB/USP.
José Osvaldo dos Santos, conhecido como Brasinha, da cidade de Cordisburgo, auto didata, conhecedor de toda obra Roseana, pesquisador de lugares e personagens dos livros do escritor, coordenador do Grupo Nos Caminhos do Sertão que faz caminhada eco-literária com contadores de estórias indo aos lugares citados nos contos. Diretor Cultural da Associação dos Amigos do Museu Casa Guimarães Rosa e membro da Diretoria do Circuito Literário Guimarães Rosa.
José Rubens Siqueira – Diretor de Teatro, dramaturgo, professor do curso de Artes do Corpo, da PUCSP. Em 2006 criou o espetáculo Mulheres de Rosa a partir de pesquisa em torno das personagens femininas em Guimarães. O espetáculo inicial, apresentado no Tucarena, reuniu mais de 40 atores em cena.

Coordenação Maria Aparecida Junqueira ( Coord. Pós de Literatura e Crítica Literária)Ana Salles Mariano (diretora do Teatro TUCA)
Colaboração EspecialRosa Haruco Tane
Produção ExecutivaSérgio RezendeAssistente de produçãoArthur Moreau
Comunicação VisualAndré Lacroce

quarta-feira, 5 de março de 2008

UMA HOMENAGEM...

E veio como um furacão lexical
destruir as ventas do que se tem por hoje
como a tradição dos livres.

e julgo a tradição dos livres o movimento que se libertou das algemas dos limitados,
e julgo a limitação um necessário sem adjetivo de culpa,
e julgo ainda, que cada um faz o que cada um faz em seu tempo.

e penso na linearidade do que nunca foi linear,
e do depreciador que sempre esteve a depreciado
e pensar não é alfinetar, mas espancar com palavras sinceras.

vive-se um luto dentro de alegrias marginais
e pensa-se o mundo
com mil e uma notas de mercado
que também não tem
o que se tem por adjetivação,
e o que se entende como o bem e o mal em artes poéticas.


- Ricardo Celestino

(taí uma homenagem a meu bom amigo Erick Martorelli, parceiro de taça, parceiro de longas datas)

terça-feira, 4 de março de 2008

SOLIDÕES

SEM TÍTULO

Uma nuvem se abriu como um véu caindo.

Uma doce sensação dedor se formando novamente,

inundando meus olhos com o poder do inconcebível.

Meus olhos que senão ásperos ou frios como deveriam

cerrrados por não querer ver a nostalgia se gerando no âmbito do lar vazio e empoeirado.

Talvez seja melhor dessa forma, apenas a nostalgia do inconcebível, do impossível, do que fora sonhado desde a infância, do olhar tímido da escola até o olhar machucado da velha juventude.

Os pulsos e a pele e os poros não conhecem o inconcebível, o incondicional sentimento direcionado ao meu olhar... apenas um calor que se apossou de mim desenfreadamente.

E a resposta obtive há pouco, pairando na janela de meu quarto...

Queimou-me a alma descobrir tal precoce missão soprada em minha alma.

Os anjos deixaram um ramalhete quando nasci, um ramalhete de dor, ao poeta que chorava ao nascer, a existência fadada, marcada...

um ramalhete de dor, para eu não esquecer que vim pra isso: SOLIDÃO.

- Eliéser Baco

A SOLIDÃO É BEM MELHOR QUE AMAR

E o mundo inteiro me fez só

sete feridas-chagas que não param de sangrar.

A solidão é bem melhor que amar...

Viver de crimes e pecados

não faz minha mente descansar

A solidão é bem melhor que amar...

Descobrir o mundo inteiro

cercado por dinheiro

me fez

enfim

me acomodar

A solidão é bem melhor que amar...

- Ricardo Celestino

segunda-feira, 3 de março de 2008

REFLEXÕES SOBRE O USO DA LINGUAGEM

``(...), as mudanças lingüísticas se expressam em fatos reais. Acontece, por conta disso, que os usuários da língua manifestam todos os sentimentos lingüisticamente. Em geral, não objetivam alterar a língua, mas colocá-la em uso efetivo; razão por que a língua muda no uso, o que leva à inovação e à mudança.``

``O interesse que o objeto língua conquistou no interior das ciências humanas, ultimamente, tem sido de tal importância que impulsionou o aparecimento de múltiplas abordagens, ampliando o campo da Lingüística e da História. Embora em bases diferentes, observamos um consenso entre os estudiosos, na medida em que tomam a língua em sua função de interação social, como processo e produto da atividade histórica do homem. Como processo e produto histórico, queremos dizer que a língua resulta de cada instante de interação entre o passado e o presente em meio ao contexto sociocultural.``


- Jarbas Vargas Nascimento – Historiografia Lingüística: Rumos Possíveis.
Ilumina-se Ana e apaga-se Mário.

ANA – Enforca-te ó bebum! És o resultado de uma zorra! És um maldito que trouxe toda uma discórdia! Foi de ti que começou este caos! Seu sem métrica! Seu sem nada!

MÁRIO – Engula a própria língua, sua rapina! Eu não sou da tua corja de perdidos! Rapinas melosas que choram no quarto escondido, no buraco dos sem fortuna! Dos sem nada! Dos simbólicos! Eu sou aquele que grita! Aquele que insulta e aquele que muda!

ANA – e quem há de entender tua palavra? Tua mudança muda é burra! Tua maluquice só é compreensível em tua cabeça! Moderno!

MÁRIO – enfie as métricas no buraco que não toma sol!

ANA – Pois isso sim não é atitude de acadêmico!

Apagam-se as luzes.
- trecho da peça MUNDO CONSUMADO, de Ricardo Celestino.

COMPRA E VENDA




Compra e venda humana
Num plano feio e horizontal
Pessoas olhando os pés
Descalços no asfalto quente

Buzinas, gritos e ofertas
São macacos vendendo macacos
A macacos que não querem bananas

Compre por cruzados baratos
Um corpo que lhe dê prazer
Compre por alguns punhados
Uma mente que lhe dê cifrões
Compre por poucos tostões
A corja de fúteis canções!

Compra e venda humana,
É o que guia nossos corações
Refrão de terror e ódio
Leve os de melhores pulmões!

- Ricardo Celestino

REFLEXÕES REGIONAIS

A mão fria do vento sulista

Justo quando a mão fria do cotidiano alisava-me os cabelos
E a voz do meu eu não queria voz alguma por perto.

Jogava os dados do destino com olhar ao mar dantesco
Enquanto o vento menino sulista trazia esperança nas nuvens

Junto ao cântico matinal ao banho soturno das madrugadas
E o pedaço de mim que sente queria apenas a poética solidão

Justo quando meu olhar ardia somente na diária poluição
Eu senti saudade de chamar quem nunca chamei,

Justo quando a mão fria
E a voz do meu eu Jogava os dados do destino;
Eu senti saudade de chamar quem nunca chamei.

Eliéser Baco

INSPIRAÇÃO ( à moda Andrade)

Sampa que comove-me tal vida e morte...
dos amores, desilusões originais

Arlequim com trajes ricos e pobres,
Cinza e ouro.
Perfumes de Paris em ruas de barro
Palestras e lirismos vagos

Sampa que comove-me tal vida e morte...
Os galicistas que estrapolam a própria língua,
A língua América!

Ricardo Celestino