sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008
A PAIXÃO ETERNA DE UM ARLEQUIM
Não queria estar sentindo
A paixão de um arlequim,
Solidão.
Ser tão infeliz e tratadoComo um sorriso de palhaço
Que começa numa constante obrigação
E termina numa tristeza infunda,
Afastamentos de sina solidão,
Desgraça.
A única próxima de quem ama
É lhe passando o nariz de palhaço,
Ensinando a servir de bobo toda a corte,
Alastrando ainda mais
Essa paixão louca e desgraçada
De um palhaço triste e doente,
Paixão.
E quando não houver mais batom vermelho em meu nariz
Triste e umedecido,
Sentarei no banco de uma praça,
Darei milho a pombos famintos,
Encontrarei aquela que causa fundos furos em corações,
De sorriso arlequinal, de alegria arlequinal,
E serei presenteado novamente
Com o nariz vermelho
De sina bobo,
E minhas vestes tornar-se-ão vermelhas,
Minha pele branca como papel,
E meu sorriso,
Meu sorriso...
Arlequim.
(Poema baseado na história de um curta-metragem escrito por mim e Erick Martorelli. Infelizmente o roteiro ainda não saiu do diabo do papel por motivos metafísicos.
O curta trata da história de uma garota que, cansada de sua vida cotidiana, acaba por chamar atenção de um palhaço depressivo que não consegue ser enxergado por ninguém. Apaixonado, o palhaço tenta mil maneiras de se aproximar da garota, enquanto um narrador extremamente participativo na história conta a vida de uma jovem camponesa e sua relação com o palhaço Arlequim. Pois é, nesse universo um tanto surreal visamos questionar coisas sobre o amor e o comportamento da sociedade embasado no que a velha Itália tem a nos oferecer.)
Sugestão de Socorro: Bem que uma alma generosa poderia se oferecer para ler nosso roteiro e dar uma força para gravarmos nosso primeiro curta. =)
REFLEXÕES EM CIMA DO VELHO CHICO
``Se não fizerdes, ou nisto puserdes maliciosamente dilação, certifico-vos que com a ajuda de Deus eu entrarei poderosamente contra vós e vos farei guerra por todas as partes e maneira que puder, e vos sujeitarei ao jugo e obediência da Igreja e de Sua Majestade e tomarei vossas mulheres e filhos e vos farei escravos, e como tias vos venderei, e disporei de vós como Sua Majestade mandar e tomarei vossos bens e vos farei todos os males e danos que puder...``
- Daniel Vidart, Ideología y realidad de América, Montevidéu, 1968.
`` O fato das crenças e práticas sociais nos penetrarem do exterior não implica em que as recebamos passivamente, sem lhes trazer modificações. Ao pensar as instituições coletivas, ao assimila-las, nós as individualizamos, dando-lhes, de certa maneira, nossa marca pessoal, é assim que, ao pensar o mundo sensível, cada um de nós lhe empresta um colorido especial, e que indivíduos diferentes se adaptam de modo diferente a um mesmo meio físico(...)``
- Émile Durkheim, As regras do método sociológico, 2º.ed., Companhia Nacional, São Paulo, 1960.
Chico Buarque realiza em seu poema Roda-viva uma crítica contra os padrões sociais, políticos e econômicos impostos pelo governo e pela sociedade da época. A artificialidade do exterior humano faz com que muitas pessoas se ocultem numa casca artificializada e aparentemente perfeita, mas cujo o interior é vazio e triste. O ser-humano, para o poeta, é um grande dependente da Roda-viva, que se configura como uma abafadora da voz ativa e uma instituição conservadora frente a revolução humana.
É fato que as atuais relações sociais entre as pessoas exigem uma organização tanto internalizada, que varia de pessoa a pessoa, mas possui uma característica comum de respeito ao próximo, como também externa, do meio governamental para a população, que surge como uma entidade que deve sanar as necessidades da sociedade e servir somente a ela.
``(...) A vida social deriva de uma dupla fonte: a semelhança das consciências e a divisão do trabalho social. O indivíduo é socializado no primeiro caso porque, não tendo individualidade própria, confunde-se no seio de um mesmo tipo coletivo, o mesmo acontecendo com seus semelhantes; no segundo caso, ele é socializado, porque, tendo uma fisionomia e uma atividade pessoais que o distinguem dos outros, depende deles na mesma medida em que se distingue e, por conseguinte, depende da sociedade que resulta de sua união.``
- Durkheim
Chico Buarque tem suas distinções como ser social ameaçadas e, com isso, sente-se distante do meio coletivo. Porém, essa ausência do meio coletivo não é característico apenas de Chico Buarque, mas de muitos outros artistas que tiveram suas particularidades criticadas tanto pela sociedade quanto pela instituição governamental, o que acarretou numa formação de uma sociedade cultural e artística destes ``isolados do mundo``.
Podemos aprender muito com o VELHO CHICO, hã?!
sugestão de leitura: Leiem 1968, de Zuenir Ventura.
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008
Escrita Insônia
E do mundo sabem o que foi dito
Em tópicos estranhos e ainda vazios?
O mundo caminha com pés
E precisa de pedais.
Num canto ele é cinza,
Noutro ele é ouro,
E o Arlequim ressaltado por Andrade
Pula como um saci sem pernas
Aleijado a se arrastar.
contato: ricardo.celestino2003@gmail.com
Abanheém
A língua de gente tem a intenção de divulgação de novos poetas, contistas, cronistas, cineastas, pintores, enfim, novas e boas intenções artísticas que encontram-se ocultos nesse mundo gigante e devasso.
No more!
Àqueles que tem língua... MANIFESTEM-SE!
``Enquanto em nossas mentes houverem
Superlotação de super-heróis,
Valerá a vergonha da fantasia de palhaço.``
- Ricardo Celestino